A banalização da vida

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    O simples fato de apontar uma arma de fogo para o ouvido e puxar o gatilho é um ato de desatino com morte certa. Todo ser humano tem direito de fazer o que quiser com a própria vida, mas este ato não deve servir de parâmetro ou de exemplo para ninguém e nem de indução para defesa de qualquer causa, em que pese ter-se o livre arbítrio de tirar a vida, ela não nos pertence.

    Da mesma forma que não se deu a ninguém o direito de tirar a vida de outra pessoa a vida tem outras implicações e outros desígnios sobre os quais não temos influência e nem controle.

    Percebe-se, portanto, nestes tempos cruéis, a banalização da vida. Mata-se propositalmente e por cruel e manifesta omissão. Dois incidentes recentes ocorridos, no Rio de Janeiro, resultaram na morte de duas pessoas, deixam claro e a descoberto a fragilidade da vida neste Brasil de meu Deus. A venda regular, legal, em grandes quantidades, sem controle de armas de fogo e munição à população, sob qualquer pretexto, é outro macabro ritual de exortação à morte.

    Arma de fogo serve para que? A resposta não deixa dúvidas: matar. E a morte não prescinde de espaço para um mas ou um porém, pois ela não tem conserto e nem volta.

    Tudo deve ser feito para a preservação da vida e sua continuidade. Ciência trabalha incessantemente em prol da vida na descoberta de meios e remédios para que ela triunfe. Entretanto, aqui neste fim de mundo, irresponsáveis autoridades incitam a descrença nas vacinas, deixando perecer parte da população, sem maiores esclarecimentos, induzida por uma pregação negacionista da ciência e de seus valores mais caros.

    Este imbróglio criado por grandes potências por mais influência em torno da Ucrânia, coloca em cheque a vida no planeta. As guerras começaram por pequenos desentendimentos e/ou incidentes que, ao fugir do controle, provocam hecatombes.

    Termino este artigo que descreve sobre o óbvio, com as proféticas exortações de Carl Saga, no livro Bilhões e Bilhões, Editora Cia da Letras – 1998, pag. 239, onde ele afirma que a bondade está em todo lugar, mas um cinismo exagerado pode pôr tudo a perder:

    “Ao cientistas e técnicos trabalham durante anos – com grandes dificuldades, muitas vezes por salários baixos e sem nunca ter uma garantia de sucesso. Eles têm muitas motivações, mas uma delas é a esperança de ajudar os outros, de curar doenças, de protelar a morte. Quando um cinismo exagerado ameaça nos engolfar, é animador lembrar que bondade está por toda parte”.

    Renato Gomes Nery é advogado.

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