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O prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB), afastado do cargo na terça-feira (19) durante a Operação Capistrum, declarou em julho deste ano que o “prêmio saúde” era uma “baderna”.
A afirmação foi feita em um vídeo publicado na época pelo próprio Emanuel, em que ele disse fazer um “desabafo”. No vídeo, o prefeito afastado se mostra insatisfeito com os valores que estão sendo pagos para os membros de cargos administrativos da Secretaria de Saúde.
“O prêmio saúde virou uma baderna. Ele é para quem está na ponta [enfermeiros, médicos] e depois vamos avaliar as áreas administrativa se o Tribunal de Contas autorizar”, disse.
Conforme o Ministério Público Estadual, Emanuel e a primeira-dama Marcia Pinheiro eram quem determinavam os valores do “prêmio saúde” que alguns servidores ganhavam. Por intermédio da secretária-adjunta de Governo, Ivone de Souza, braço-direto de Marcia, eram entregues “bilhetinhos” definindo o valor que o servidor indicado teria direito.
“Estou fazendo meio que um desabafo, porque vejo gente ganhando R$ 70, R$ 150 e outros [da administração] R$ 4 mil. Que incentivo estou dando para os servidores? Isso é injusto”, afirmou Emanuel nas imagens gravadas em julho.Estou fazendo meio que um desabafo, porque vejo gente ganhando R$ 70, R$ 150 e outros [da administração] R$ 4 mil. Que incentivo estou dando para os servidores? Isso é injusto
O vídeo voltou a correr nas redes sociais nesta terça, após o prefeito ser afastado e alvo de busca e apreensão.
Segundo as investigações, Emanuel fez mais de 3.500 contratações temporárias só na secretaria, a grande maioria ilegais, com pagamentos de “prêmio saúde”, que variavam entre R$ 70 e R$ 5,8 mil, para acomodar e atender compromissos de aliados políticos, principalmente vereadores.
Os prejuízos causados aos cofres público, segundo a denúncia, é de R$ 16 milhões.
No vídeo gravado em julho, Emanuel chega a chamar o prêmio de “festival” e critica diretamente os valores pagos aos cargos administrativos da Pasta.
Ele ainda promete “humanizar” o prêmio para que os profissionais da linha frente das unidades de saúde de Cuiabá recebessem o maior valor para, segundo ele, “reestabelecer a justiça”.
Esquema na Saúde
A Operação Capistrum apura a existência de uma organização criminosa montada para acomodar indicações de políticos em cargos da Secretaria da Saúde.
Além do o prefeito de Cuiabá, a secretária-adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza, também foi afastada e o chefe de gabinete, Antônio Monreal Neto foi preso.
Também são alvos da operação a primeira-dama Márcia Pinheiro, e o ex-coordenador de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde, Ricardo Aparecido Ribeiro.
Todos foram alvos de mandados de busca e apreensão e também tiveram o sequestro de bens decretado até o montante de R$ 16 milhões.
O Ministério Público Estadual (MPE) aponta que Emanuel e os demais estariam envolvidos em crimes de formação de organização criminosa, prevaricação e obstrução da Justiça.