Justiça mantém prisão de pistoleiro de Arcanjo por chacina em VG

    0
    351

    O juiz da 1ª Vara Criminal de Várzea Grande, Murilo Moura Mesquita, manteve a prisão preventiva de Édio Gomes Júnior, vulgo “Edinho”, tido como um dos pistoleiros que prestava serviços ao bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

    A decisão foi dada no dia 6 deste mês e publicada nesta quinta-feira (12) no Diário da Justiça. Edinho é acusado de participação na Chacina da Fazenda São João, crime que chocou o Brasil e ocorreu em março de 2004 em Várzea Grande.

    Edinho está preso desde o dia 15 de abril após ser preso pela Polícia Civil do Sergige, Estado em que morava como foragido da Justiça.

    A defesa pediu a revogação da prisão preventiva alegando carência na fundamentação do decreto e também falta de elementos contemporâneos para a manutenção.

    Porém, o magistrado afirma que a prisão preventiva foi decretada “por garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal e como garantia de aplicação da lei penal”, sendo considerada, para tanto, a gravidade do crime, a existência de antecedentes e a fuga.

    Ainda foi ressaltado na decisão que persiste a necessidade da prisão preventiva pelo modo violento dos crimes cometidos, atingindo, inclusive, as vítimas pelas costas com disparos fatais.

    Chacina

    A chacina ocorreu em março de 2004, na fazenda São João, localizada às margens da BR-163, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande.

    A DHPP identificou oito envolvidos no crime, todos funcionários da propriedade, que foram indiciados por homicídio qualificado (cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa), ocultação de cadáver e formação de quadrilha. O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça ainda em 2004.

    As vítimas Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira foram mortas por funcionários da fazenda. Uma vítima foi morta por disparo de arma de foto e três delas foram amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento. Depois de mortas, as vítimas tiveram os corpos jogados em uma área à margem da estrada da localidade de Capão das Antas, em diferentes pontos, a fim de dificultar o trabalho investigativo da polícia.

    O inquérito conduzido pela equipe do delegado Wylton Massao Ohara, à época, apurou que as quatro vítimas foram à fazenda para pescar em um dos tanques de peixe da propriedade, na manhã do sábado de 20 de março. Conforme a investigação, os amigos teriam ido ao local na intenção de pescar para consumo de suas famílias, quando foram surpreendidos pelos seguranças da fazenda e mortos.

    Como os quatro não retornaram para casa, no dia seguinte, as famílias procuraram a polícia e teve início a busca pelas vítimas. Ainda no domingo, a Polícia Militar localizou as quatro bicicletas próximas à cerca da fazenda. Após diversas buscas, os corpos foram localizados em uma área fora da fazenda, a fim de ocultar o crime e dificultar a investigação.

    Conforme depoimentos prestados à DHPP no curso das investigações, um dos funcionários confirmou que ele e outros dois seguranças da fazenda encontraram os quatro rapazes no final da tarde do sábado, pescando no tanque de piscicultura e atiraram contra as vítimas. Uma delas correu para o mato para se esconder, mas foi morta com um disparo no abdômen feito por um dos seguranças.

    As outras três vítimas foram rendidas e então o segurança, que foi preso agora em Sergipe, teria ligado para o gerente da fazenda dizendo que “três capivaras estavam presas e uma estava morta e que aguardavam a faca para arrancar o coro das que estavam vivas”.

    As versões constam na reprodução da chacina, realizada pela Polícia Civil em maio de 2004 por solicitação do Ministério Público, da qual participaram dois dos investigados. Os dois envolvidos confirmaram que as vítimas foram amarradas e jogadas no lago em que pescavam e que demoraram pelo menos 20 minutos para morrer.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui