G1
A média de sepultamentos nos cemitérios públicos de Manaus caiu pela metade nas últimas três semanas, quando passou de 118 para 59 enterros diários. Neste período, 44 pessoas foram cremadas. Os números foram analisados desde o dia 26 de abril, quando foi registrado o pico de 140 sepultamentos em 24 horas, o maior desde o início da pandemia de Covid-19.
Até esta sexta-feira (15), a capital amazonense registrou mais de 10 mil casos de Covid-19, com mais de 900 mortes. No estado, são mais de 19 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus, com mais de mil mortes confirmadas em decorrência da doença.
Antes da pandemia do novo coronavírus, a média nos cemitérios da Prefeitura era de 30 enterros por dia. O número de mortes em Manaus disparou desde então e, até o dia 25 de abril, ficou 108% acima da média histórica.
Diante do aumento, medidas mais extremas tiveram que ser adotadas no maior cemitério público da capital: caixões são enterrados em valas comuns, caixões foram enterrados empilhados – medida cancelada após revolta de familiares – e instalação de contêineres frigoríficos para comportar corpos que aguardam o enterro.
De acordo com o informe funerário divulgado diariamente pela Prefeitura de Manaus, na última semana de abril, entre os dias 26 de abril e 2 de maio, foram realizados 829 sepultamentos nos cemitérios públicos da capital, com uma média foi de 118 por dia. Entre eles, 102 foram confirmados para Covid-19 e outros 490 tiveram a causa da morte apontada como síndrome respiratória ou indeterminada.
Na semana seguinte, de 3 a 9 de maio, a média caiu 27%, com 86 enterros diários, sendo 604 no total. Foram realizadas 12 cremações neste período. A prefeitura informou que 73 tiveram a causa da morte confirmada por coronavírus e 14 casos suspeitos. 326 mortes foram registradas como síndrome respiratória ou indeterminada.
Nesta última semana, entre os dias 10 e 15, os cemitérios públicos registraram 358 sepultamentos, com uma média de 59 por dia. O número representa metade do que havia sido contabilizado na última semana do mês de abril.
A queda no número de sepultamentos em maio é reflexo de um conjunto de medidas tomadas há cerca de 20 dias para conter o avanço da contaminação pelo novo coronavírus entre a população amazonense. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) aponta que, além do distanciamento social, houve um aumento no uso de máscaras pela população – após recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 06 de abril e da Prefeitura em 14 de abril – e ampliação da capacidade de atendimento médico nos hospitais da capital.
No primeiro mês de quarentena no Amazonas, apenas 52,2% da população respeitou a recomendação de isolamento social como prevenção ao novo coronavírus, o que provocou o salto de 7 para 2,2 mil casos confirmados de Covid-19 no estado.
Pesquisas apontam que os índices de isolamento estão abaixo do recomendado pelas autoridades de saúde, que é de 70%. Em maio, a taxa chegou à 44%.
O chefe do Departamento de Matemática da Ufam, professor Dr. Alexander Steinmetz alerta para o baixo índice de isolamento. “Estamos numa situação onde a tendência pode facilmente se inverter e o número de infecções pode voltar a crescer de novo, levando a um novo pico maior ainda que aquele visto em abril”, explicou.
Conforme o estudo desenvolvido pelo departamento, apesar da baixa adesão da população ao distanciamento social, “este teve um efeito na propagação da doença e agora estamos vendo uma pequena queda nos óbitos”. De acordo com Steinmetz, essa queda também se deve ao uso de máscaras aderido pela população e ao aumento de leitos no sistema de saúde.