STF não vê descumprimento e mantém delação de empresário

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    THAIZA ASSUNÇÃO

    O  Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter a delação premiada do empresário Genir Martelli,  sócio do Grupo Martelli Transportes, fechada com a Procuradoria Geral da República (PGR) no âmbito da Operação Ararath.

    A decisão foi tomada no dia 17 de dezembro do ano passado, mas só veio à tona nesta segunda-feira (17).

    O empresário confessou um esquema de pagamento de R$ 23 milhões em propina em troca de créditos tributários a transportadoras no governo Blairo Maggi (PP).

    A rescisão do acordo foi ingressado pela própria PGR, que apontou descumprimento da delação porque uma das parcelas foi realizada via empresa.

    Segundo a PGR, a colaboração premiada tem natureza de “negócio jurídico personalíssimo” e, por isso, não poderia ser quitada com pagamentos de terceiros.

    O relator, ministro Dias Toffoli, entendeu que pagamentos feitos por Martelli por meio de uma de suas empresas foram válidos como parte do pagamento do acordo.

    “Na espécie, verifica-se que a possibilidade de o pagamento ser efetuado pela pessoa jurídica constou expressamente de cláusula do acordo de colaboração premiada, negociado e assinado pelo Parquet (pela Procuradoria-Geral da República, especificamente); a mesma PGR, diga-se, que agora impugna os pagamentos realizados nessas condições”, diz trecho do voto.

    Dias Toffoli citou a “quebra da boa-fé objetiva” por parte da PGR, e defendeu “a segurança jurídica e a proteção da confiança”.

    “Com efeito, se o colaborador é sócio e administrador da empresa, podendo em seu nome atuar, o argumento da ausência de anuência da empresa como causa para não admitir o pagamento das parcelas pela pessoa jurídica é insuficiente para infirmar o acordo ou seu adimplemento, notadamente quando não há qualquer notícia de insurgência pela própria empresa”, afirmou no voto.

    O entendimento foi seguido pelos demais ministros. Apenas Gilmar Mendes acompanhou o relator com ressalvas.

    A delação

    O empresário contou que, durante a gestão de Maggi como governador, foi editado um decreto que concedeu créditos tributários às transportadoras.

    Em troca, ficou acordado que o Grupo Martelli e as transportadoras Transoeste Logísitca e Bergamaschi Transportes deveriam devolver ao grupo político no poder, por meio do então secretário-chefe da Casa Civil, Eder Moraes, o montante de R$ 23 milhões.

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