A droga e a rua

    0
    283
    LULUCA RIBEIRO

    Uma caminhada mais atenta pelo Centro Histórico de Cuiabá e você logo percebe: onde a o poder público falha, certamente a criminalidade, a violência e o descaso imperam.

     

    A vulnerabilidade social é um conceito socioeconômico que inclui escassez de recursos financeiros, moradia, educação e acesso e oportunidades ao desenvolvimento de um cidadão.

     

    Às margens desta dita cidadania, pessoas em situação de rua muitas vezes são apenas a ponta do iceberg: pesquisas mostram que os principais motivos para alguém enfrentar a rua são a ausência de vínculos familiares, a perda de algum ente querido, o desemprego, a violência, a perda da autoestima, o alcoolismo, o uso de drogas e a doença mental.

     

    Dados da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc) indicam que atualmente existem em Cuiabá 562 pessoas em situação de rua. Com uma população de 612.547 habitantes, isso significa que a cada 10 mil habitantes, 9,2% são pessoas em situação de rua. A título de comparação, a vizinha Várzea Grande, com 284.971 habitantes, possui 140 pessoas em situação de rua, o que significa que a cada 10 mil habitantes, 4,9% são pessoas que tem vivido nas ruas.

     

    Mas, como mudar este cenário? Eu, Luluca Riberio, acredito que fazer com que o poder público tome a frente é um dos principais, se não o mais importante, ponto de virada. Sim, é preciso entender que mudar a realidade destas pessoas faz toda diferença quando se fala em virar o jogo e contribuir para um modelo que foque na redução da vulnerabilidade social.

     

    Sou defensor do esporte como meio de mudança econômica e social. Aliás, vou além: o esporte tem reflexos positivos quando o tema é saúde mental e dependência química.

     

    Mas, confesso, tanto no caso de moradores em situação de rua como de pessoas que não estão na rua, mas vivem a dependência de entorpecentes, precisamos entender que é papel da iniciativa pública focar no atendimento específico de dependentes químicos e, claro, dar suporte psicológico para familiares e amigos que abraçam a causa.

     

    Assim, defendo que seja papel do poder público a criação de núcleos ou centros de atenção focados exclusivamente aos dependentes químicos. Com isso quero dizer: sabemos que hoje locais como estes existem e, claro, cumprem seus papéis, mas são privados e, exatamente por isso, excluem uma grande parte da população.

     

    É válido lembrar que tudo está conectado: auxiliar dependentes químicos a superar o motivo (ou motivos) por trás do vício, dar o suporte necessário para que eles enfrentem seus medos, traumas e dificuldades de inclusão social e mostrar que há saída reflete em dignidade e sensação de pertencimento. É retirar a “roupa da invisibilidade” que muitas dessas pessoas sentem que vestem e, no lugar, oportunizar uma vida fora da vulnerabilidade social, da violência e da criminalidade.

     

    Luluca Ribeiro é advogado.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui