Juíza: chefe da PM em cidade de MT é suspeito de homicídios

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    MidiaNews

    O comandante do núcleo da Polícia Militar de Santa Carmen, sargento Evandro dos Santos, é o principal suspeito pelo desaparecimento de seis pessoas em União do Sul, no mês de abril. A Polícia Civil acredita que os seis tenham sido assassinados.

    O sargento foi preso durante uma operação desencadeada na manhã de quinta-feira (27) pela GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado) da Polícia Civil.

    Além dele, também foram presos outros três PMs, identificados como João Paulo Marçal de Assunção, Francisco de Assis Fernandes e Roberto Carlos Cesár, e o dono da fazenda onde teria ocorrido os prováveis homicídios, Agenor Vicente Pelissa.

    O delegado Douglas Turíbio Schutze, titular da regional de Sinop, também foi alvo de um mandado de buscas e apreensão. Ele teria intermediado uma tentativa de suborno ao delegado Flávio Stringueta, que chefia a GCCO, que investiga o sumiço do grupo.

    A informação consta na decisão dos mandados de prisões e buscas, expedidos pela juíza Thatiana dos Santos, à qual o MidiaNews teve acesso.

    “O Comandante da Polícia Militar de Santa Carmem, PM Evandro dos Santos, é suspeito de executar os homicídios e possivelmente ocultar os cadáveres na fazenda, sendo a suspeita fundada no fato de que Agenor o comunicou dias antes dos fatos sobre o possível roubo em sua propriedade, solicitando que fizessem a segurança do imóvel, o que de fato foi feito, inclusive com a viatura da própria Polícia Militar, mesmo estando na posse da camionete do fazendeiro”, diz trecho do documento.

    As seis vítimas estão desaparecidas desde o dia 18 de abril. Provas técnicas obtidas durante as investigações da GCCO apontam que foram executados e tiveram os corpos ocultados.

    Eles ficaram sabendo que ocorreria um roubo no local pelo caseiro, que também participaria do crime, mas desistiu e contou ao patrão sobre o plano. No entanto, apesar disso, ele sumiu, bem como os outros cinco suspeitos.

    Segundo a decisão, houve divergências no depoimento do comandante sobre o horário em que esteve na fazenda no dia em questão, uma vez que o GPS da viatura apontou um horário diferente do momento da sua saída do local.

    “Diferente do que alega, há suspeitas de que no período em que esteve na fazenda juntamente com o PM Marçal ocorreram as trocas de tiros entre eles e os assaltantes, especialmente pelo horário registrado pelo GPS da viatura com os horários aproximados mencionados por Capivara, Eriel e Willian, mas esse episódio é ocultado pelo Comandante”.

    Além disso, foi o comandante da PM quem comunicou Agenor sobre o que se passou na fazenda, conforme depoimento da companheira do dono da propriedade. Porém, o militar nega e diz ter tido conhecimento dos crimes apenas no outro dia através do PM Mauro.

    Outra divergência é quanto ao depoimento do PM João Paulo Marçal, também de Santa Carmem. Ele alega que no dia 18 de abril foi até o local e ficou com a viatura parada, mas o GPS apontou que houve várias idas e vindas até um ponto onde foi encontrado um Gol abandonado, provavelmente usado pelo grupo desaparecido.

    Além disso, segundo os autos, Agenor, após tomar conhecimento do crime, contratou um advogado e mandou que ele tentasse subornar o delegado Douglas para que ele escondesse o que de fato havia ocorrido no dia 18 na fazenda.

    Para a juíza Thatiana dos Santos, ficou clara a tentativa dos policiais militares de ocultar o que de fato ocorreu na fazenda, bem como a tentativa de alterar a cena do possível crime antes da chegada da perícia, com o intuito de dificultar as investigações.

    “Este, por sua vez, encontra-se presente para a garantia do êxito das investigações policiais, pois com a prisão será possível melhor esclarecimento de alguns pontos relevantes e restantes para a conclusão do inquérito, dado que ainda existem várias divergências entre os seus depoimentos, o que pode estar ocorrendo pelas funções que exercem e pela forte influência do fazendeiro, algo citado pelo Comandante Dos Santos, ou ainda, necessárias as suas prisões para evitar que prejudiquem qualquer prova imprescindível às investigações, tanto testemunhal, alertando os demais, participantes, como física, porque se soltos não serão ouvidos todos de uma única vez”.

    Também ressaltou que diante das provas colhidas em investigação ficou clara a emboscada armada para as seis vítimas desaparecidas.

    “É lamentável e temerosa a ação dos policiais militares que, agindo de forma diversa da esperada, cometeram delitos graves tentando de todo modo ocultar suas ações. Espera-se que ajam de maneira imparcial e de maneira lícita, contribuindo com a justiça, o que não é o caso”, afirmou a magistrada.

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