Ministros brasileiros defendem produção de petróleo na cúpula da Amazônia e negam oposição à Colômbia sobre descarbonização

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Em Belém (PA), onde participaram da Cúpula da Amazônia, ministros do governo brasileiro negaram qualquer oposição à visão do presidente colombiano, Gustavo Petro, sobre a descarbonização. Petro pediu o fim da exploração de petróleo na região amazônica e criticou investimentos em combustíveis fósseis.

Os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) foram questionados sobre o incentivo do Brasil à produção de combustíveis fósseis em face das crescentes demandas globais por redução de emissões de gases de efeito estufa.

Vieira afirmou que a posição da Colômbia é convergente com a do Brasil, mas cada país tem seu ritmo para alcançar as metas de descarbonização. Ele também destacou a produção de energia limpa no Brasil, mencionando a energia eólica, solar, biomassa e hidrelétrica.

Silveira, por sua vez, negou o risco ambiental associado à perfuração de poços de petróleo em áreas como a Margem Equatorial e a foz do Amazonas. Ele defendeu o projeto como promotor de uma sociedade mais justa e solidária, afirmando que o povo brasileiro tem o direito de conhecer suas potencialidades.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu a exploração responsável da região e o uso do petróleo para financiar a transição energética, alegando que a transição “não acontece de um dia para o outro.”

O Ibama havia rejeitado anteriormente um pedido da Petrobras para realizar atividades de perfuração marítima na bacia do Amazonas devido a “inconsistências técnicas.” A estatal solicita atualmente a reanálise da decisão.

Representantes da sociedade civil expressaram preocupações em um documento intitulado “Amazônia Livre de Petróleo e Gás. Conexão Povos e Territórios”, pedindo aos líderes dos países amazônicos medidas concretas para proteger o território e enfrentar as crises climáticas e de biodiversidade.

A analista Carolina Marçal Santos discordou da associação feita pelo ministro Silveira entre o combate à desigualdade e a defesa da indústria petrolífera, apontando que regiões com grande produção de petróleo no Brasil ainda enfrentam grandes desigualdades sociais. Ela também destacou as questões de impacto ambiental, mencionando possíveis tempos de resposta em caso de vazamento.

O debate reflete a tensão crescente entre a necessidade de reduzir as emissões de carbono, em linha com os objetivos globais de combate às mudanças climáticas, e os interesses econômicos e energéticos do Brasil. As declarações dos ministros mostram a tentativa do governo de equilibrar esses interesses, mas as preocupações da sociedade civil e ambientalistas persistem.

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