Em uma recente audiência pública no Senado, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, abordou a possível exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, área que se estende da costa do Amapá ao Rio Grande do Norte. Este tema veio à tona quando o senador Lucas Barreto (PSD-AP) questionou a Petrobras sobre seus planos e ambições para a região.
Contrapondo-se à percepção de que a estatal inauguraria a extração de petróleo naquela área, Prates enfatizou que o Polo de Urucu, localizado na Amazônia, já realiza esta atividade desde 1986. Ele ainda elucidou: “O petróleo já é escoado pelo Rio Amazonas diariamente, chegando à refinaria de Manaus”.
No que tange aos aspectos ambientais, o presidente da Petrobras sustentou que, entre as possíveis áreas de exploração, a margem equatorial se destaca como a menos propensa a causar danos. Ele justificou tal afirmação pontuando a capacidade da região de gerar receitas significativas, tanto para o governo quanto para as comunidades locais. Porém, é fundamental ressaltar que tal exploração ainda está em sua fase inicial, e se a licença ambiental for concedida, a produção efetiva pode demorar até oito anos para ser estabelecida.
Um aspecto importante discutido foi o histórico de segurança da Petrobras. Prates reforçou que a empresa nunca registrou vazamentos em seus poços exploratórios, mas admitiu que, em geral, acidentes podem ocorrer na produção de petróleo. No entanto, ele tranquilizou a audiência ao mencionar que a área de interesse, localizada a 170 km da costa do Amapá e a 580 km da foz do Amazonas, apresenta um risco muito baixo de que um eventual vazamento alcance a costa, devido às correntes marítimas e ventos direcionados ao Caribe.
Quando se trata da licença ambiental, Prates elucidou a distinção entre a permissão para a descoberta de petróleo e uma subsequente para a produção. A avaliação econômica também desempenha um papel fundamental neste processo, determinando se uma descoberta é comercialmente viável.
Finalmente, a questão da transição energética foi posta em foco. Enquanto o movimento internacional “Just Stop Oil” pressiona pela proibição total de novas licitações de exploração de petróleo, visando acelerar uma transição energética, Prates adotou uma abordagem mais pragmática. Ele defendeu a visão de que essa transição, longe de ser uma ruptura, deveria ser financiada pela própria exploração de petróleo.
Em uma era de crescente consciência ambiental, a exploração de petróleo continua sendo um tema delicado, e apenas o tempo dirá qual direção o Brasil tomará neste cenário dinâmico.