Odair Geller, produtor rural e irmão do ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal Neri Geller (PP), foi transformado em réu, juntamente com outras sete pessoas, em um caso relacionado à Operação Terra Prometida, devido a acusações de estelionato. A decisão veio da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e foi divulgada na última segunda-feira.
A investigação original, realizada pela Polícia Federal em 2014, focou em um esquema fraudulento de comércio e exploração de terrenos destinados à reforma agrária no Projeto de Assentamento Itanhangá. Este esquema teria causado um dano de aproximadamente R$ 1 bilhão ao tesouro nacional.
Além de Odair Geller, os seguintes indivíduos também se tornaram réus no caso: Leandro Algayer, Clarisse Geller de Sousa, Edson Mendonça Meireles, Helena da Silva Meireles, Mareli Conrad, Liara Regina Conrad Battisti e Benedito Santana de Almeida.
Curiosamente, a ação foi anteriormente arquivada pelo Juízo da Vara Federal Cível e Criminal da Subseção Judiciária de Diamantino, alegando prescrição do caso. No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) argumentou contra essa decisão, citando uma lei de 2010 que impede tal prescrição retroativa. O juiz convocado Marcelo Elias Vieira concordou com o MPF, citando jurisprudências dos tribunais superiores, e reativou o caso.
Entendendo o Esquema
O suposto esquema envolvia a fabricação de “cartas de desistência” e declarações falsas em nome de empresários e fazendeiros por membros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itanhangá e da prefeitura local. Depois, os funcionários do Incra supostamente conduziam inspeções fictícias para validar a posse dessas terras por “laranjas”. Uma vez que essas terras fossem oficialmente reconhecidas pelo Incra, estariam de fato sendo ocupadas e exploradas pelos fazendeiros.
Segundo a Polícia Federal, este arranjo beneficiou financeiramente tanto intermediários quanto grupos de agronegócios, que conseguiram usurpar terras de grande valor e potencial produtivo.
Agora, com a reativação do caso, os envolvidos terão que responder pelas acusações em tribunal.