Em um movimento recente que marca uma nova etapa nas investigações sobre possíveis financiamentos de atos antidemocráticos após as eleições de 2022, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) recebeu um conjunto de dados bancários e fiscais enviados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Entre as informações, estão dados de cinco empresários destacados e seis empresas com atuação expressiva em Mato Grosso.
Familia Bedin Sob Escrutínio
Um dos principais destaques é a família Bedin, influente no agronegócio e sediada na cidade de Sorriso. Argino Bedin, frequentemente referido como o “pai da soja,” e seus familiares Sergio e Roberta tiveram os sigilos bancários e fiscais quebrados por decisão do colegiado da CPMI. Esses dados começaram a ser disponibilizados à Comissão em 11 de agosto e mais informações ainda estão por vir.
Em um desdobramento anterior, a família já havia tido bens congelados por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Fervorosos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, pelo menos 15 caminhões pertencentes às empresas da família foram utilizados para obstruir estradas após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Argino e Roberta Bedin também foram convocados para depor como testemunhas, embora as datas ainda não tenham sido definidas.
Mais Figuras Chave Convocadas
Além da família Bedin, os empresários Leandro Pedrassani e Edilson Antonio Piaia também foram convocados para prestar esclarecimentos. Notavelmente, Piaia era alvo de um pedido de quebra de sigilo apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues, mas este requerimento ainda não foi avaliado pela CPMI.
Ampliando o Escopo
O COAF também forneceu dados relacionados a outros nomes influentes no agronegócio, como Antônio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), e Lucas Costa Beber, vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).
Empresas em Foco
A Comissão também recebeu informações de empresas atuantes em Mato Grosso, como a Agritex Comercial Agrícola, fundada por Gerson Garbuio, e outras empresas familiares, incluindo Comércio e Transportes Comeli, Dalila Lermen Ltda e Transportadora Rovaris.
Cronologia das Informações
Os dados coletados pelo COAF cobrem o período que vai de 1º de janeiro de 2019 — quando Jair Bolsonaro assumiu a presidência — até a atualidade. A documentação está sob sigilo enquanto a CPMI continua a analisar as informações recebidas.
Esta entrega de dados intensifica as investigações da CPMI e sugere que mais desenvolvimentos importantes podem estar por vir. O foco em figuras de alto perfil e empresas de Mato Grosso sinaliza o alcance e a seriedade da investigação em curso.