A crise financeira na Unimed Cuiabá, que veio à tona em junho deste ano com a revelação de um prejuízo contábil de R$ 400 milhões, continua a se desenrolar nos tribunais. O juiz Yale Sabo Mendes, da 7ª Vara Cível de Cuiabá, autorizou a realização de uma nova perícia técnica no balanço financeiro da cooperativa de saúde. O objetivo é esclarecer a real situação financeira da empresa, após a ex-diretoria da Unimed Cuiabá contestar os resultados da auditoria independente contratada pela nova gestão.
O ex-presidente Rubens de Oliveira Jr. foi identificado como o responsável pelo déficit milionário, de acordo com uma auditoria independente realizada pela nova administração da Unimed Cuiabá. No entanto, membros da ex-diretoria contestaram a alegação e entraram com uma ação judicial para produzir uma nova prova pericial contábil.
A solicitação da ex-diretoria argumenta que a nova perícia é necessária “para que os Requerentes possam efetivamente realizar suas defesas nas searas administrativas e/ou judicial, mas acima de tudo, sua defesa perante os cooperados e usuários do plano de saúde e toda sociedade mato-grossense.”
Ao conceder a autorização para a perícia, o juiz Yale Sabo Mendes concordou com o pedido da ex-diretoria. Em sua decisão, o magistrado afirmou que a prova produzida poderia “viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito”.
O juiz também ponderou sobre o cenário de disputa entre as partes: “Não vejo como impedir os Autores postular perante o Judiciário a realização da perícia contábil/auditoria, na medida em que, dado o contexto de disputa que envolve as partes, tudo indica a necessidade da via judicial”.
No entanto, o magistrado negou o pedido dos antigos diretores para suspender o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que havia sido instaurado, mantendo o processo em curso até a conclusão da nova perícia.
O caso reforça a necessidade de maior transparência e rigor nas práticas contábeis e administrativas de grandes cooperativas de saúde, que têm impacto direto no bem-estar de milhares de usuários e na economia local. A decisão do juiz é aguardada com grande expectativa, pois pode lançar nova luz sobre um caso que abalou a confiança no sistema de saúde suplementar de Mato Grosso.
Peterson Prestes