Setembro Amarelo: Um convite à reflexão sobre a valorização da vida

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Entrevista com Dr. Eduardo Batista, Psicólogo/ Cuiabá

Num mês caracterizado pelo amarelo, muitos buscam entender os contornos da conscientização sobre prevenção ao suicídio. Conversamos com o Dr. Eduardo Batista, especialista em psicologia, sobre a importância desta temática e as nuances envolvidas.

VT NEWS: Dr. Eduardo, qual a importância do Setembro Amarelo para a conscientização sobre a prevenção do suicídio?

Dr. Eduardo: O Setembro Amarelo não é só sobre a prevenção do suicídio. Estamos, de fato, valorizando a vida. A ideia é reconhecer o valor intrínseco da vida, trazendo à tona o que frequentemente fica escondido: nossas dores, frustrações, medos e inseguranças. Ao nos distanciarmos de nossa essência, perdemos o sentido da existência. O Setembro Amarelo nos lembra de olhar para o que sentimos e de buscar o significado de nossa existência.

VTNEWS: Você poderia nos dizer quais são os principais fatores de risco associados ao suicídio e como identificá-los?

Dr. Eduardo: Os riscos são diversos e, frequentemente, sutis. O isolamento social é um grande indicativo, assim como a falta de uma rede de apoio e de segurança psicológica. A ausência desses fatores é um grande risco. Além disso, há comorbidades psicológicas, como depressão, que precisam ser observadas. As saídas da vida são muitas vezes saídas de dores. É uma busca de alívio, apesar das dificuldades e desafios.

VTNEWS: E sobre a pandemia de covid-19, como ela influenciou nas taxas de suicídio?

Dr. Eduardo: A pandemia exacerbou ansiedades e trouxe à tona dores emocionais que estavam adormecidas. Com a ruptura da normalidade, houve um convite à reflexão e um mergulho em nossos sentimentos. Porém, nem todos foram capazes de lidar bem com essa nova realidade, sendo impactados pelo distanciamento social e pela percepção de que a vida não tinha tanto sentido.

VTNEWS: Com o aumento da demanda por serviços de saúde mental durante o Setembro Amarelo, como os profissionais estão se adaptando?

Dr. Eduardo: O Setembro Amarelo nos dá a oportunidade de ampliar os canais de diálogo sobre o tema. Mas, de fato, temos notado um aumento na demanda pela saúde mental não só neste mês, mas de forma mais geral. Hoje, as pessoas veem valor em buscar ajuda, e há menos estigma em torno do atendimento psicológico.

VTNEWS: Como abordar o tema do suicídio com amigos e familiares que podem estar em risco?

Dr. Eduardo: A abordagem deve ser cuidadosa e sensível. Ser invasivo raramente ajuda. O melhor é oferecer um espaço seguro, livre de julgamentos e pressões. A proximidade e o acolhimento genuíno são essenciais. As pessoas precisam sentir que podem se expressar sem medo.

VTNEWS: Existem grupos específicos mais vulneráveis ao suicídio?

Dr. Eduardo: Existem situações de vulnerabilidade que podem surgir em diversos grupos. Porém, é preciso ter cuidado ao rotular. O importante é olhar para as situações e os contextos, como o isolamento e o distanciamento, que podem estar presentes em qualquer grupo, inclusive nas crianças. Precisamos nos ocupar genuinamente com a transformação e educação desses seres.

Esta entrevista nos convida a refletir sobre nossa conexão com a vida e com aqueles ao nosso redor. Valorizar a vida é também reconhecer e acolher as dores do outro, sem julgamentos e com empatia. No Setembro Amarelo, e em todos os outros meses, esse é o convite que se faz presente.

Peter Paulo

 

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