O dólar, influenciado por eventos domésticos e internacionais, superou a marca de R$ 5 pela primeira vez em quatro meses, enquanto o índice Ibovespa da B3 viu um ligeiro respiro após cinco sessões consecutivas de queda.
Na quarta-feira (27), o dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,048, um aumento de 1,22%. A moeda manteve-se predominantemente acima da marca de R$ 5 durante toda a sessão, atingindo R$ 5,08 em seu pico por volta das 14h30. Esta é a cotação mais alta desde 31 de maio. Em setembro, a divisa norte-americana teve um aumento acumulado de 1,96%, mas observou-se uma queda de 4,93% ao longo de 2023.
Por outro lado, o mercado de ações apresentou uma ligeira recuperação. O Ibovespa fechou com 114.327 pontos, uma modesta alta de 0,12%. Embora ações de empresas petroleiras, mineradoras e aéreas tenham se valorizado, papéis associados a bancos e varejistas sofreram quedas.
O comportamento recente da moeda americana pode ser atribuído, em parte, às declarações do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, sinalizando possíveis elevações nos juros básicos ainda este ano com o intuito de controlar a inflação e o superaquecimento da economia norte-americana. Além disso, as taxas de longo prazo dos títulos do Tesouro dos EUA alcançaram seu maior patamar desde 2013, evidenciando uma possível saída de capitais de nações emergentes, como o Brasil.
Fatores domésticos também pesam sobre o real. A perspectiva de uma nova elevação nos juros americanos, somada ao ciclo de queda da taxa Selic no Brasil, pressiona o dólar. Isso se deve à redução da diferença entre as taxas de juros de ambos os países, mesmo que a taxa brasileira ainda esteja entre as mais elevadas globalmente. Além disso, a dificuldade do governo brasileiro em honrar sua promessa de eliminar o déficit primário no próximo ano alimenta o ceticismo entre os investidores.
Peter Prestes