Maia desmarca depoimento de Braga Netto e pauta convocação de policial militar bolsonarista

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Brasília - O deputado Arthur Maia fala sobre a reforma da previdência social (José Cruz/Agência Brasil)

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro de 2023, deputado Arthur Maia (União-BA), desmarcou o depoimento do ex-ministro da Defesa, Braga Netto, previsto para esta quinta-feira (5). A decisão foi questionada por deputados da oposição, que acusam Maia de estar sendo parcial em favor do governo.

Em vez de Braga Netto, Maia marcou a oitiva do subtenente da Polícia Militar do Distrito Federal, Beroaldo José de Freitas Júnior, promovido por “atos de bravura” após tentar impedir a invasão das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.

A decisão de Maia foi interpretada pela oposição como uma tentativa de desviar o foco das investigações sobre a participação do governo federal nos atos golpistas. A convocação do policial militar bolsonarista Sandro Augusto Sales Queiroz, então Comandante do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, também foi pautada, mas acabou derrotada por 14 votos contra 10.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), defendeu o depoimento de Braga Netto e dos comandantes das três Forças Armadas do governo anterior. Ainda que não sejam realizados esses depoimentos, Eliziane garantiu que há elementos para finalizar o relatório da CPMI.

Reações

A decisão de Maia foi criticada por deputados da oposição. O deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que Maia está “protegendo o governo” e que o depoimento de Braga Netto é “fundamental” para as investigações.

“A convocação do subtenente Beroaldo é uma cortina de fumaça. O que a gente quer saber é o que o Braga Netto fez no dia 8 de janeiro. Ele é um dos principais suspeitos de ter articulado os atos golpistas”, afirmou Correia.

O deputado Duarte Junior (PSB-MA) também criticou a decisão de Maia. “O presidente da CPMI está se comportando como um advogado do governo. Ele está tentando sabotar as investigações”, disse Duarte.

Provocação

Maia disse que a decisão de pautar o depoimento do policial militar bolsonarista foi uma “provocação” da oposição. Ele afirmou que está sendo pressionado a convocar depoimentos que não são relevantes para as investigações.

“Eu não posso chegar aqui e ver alguns deputados do governo jogar pra cima de mim uma responsabilidade que eu não tenho. Então, eu não gostaria de estar colocando esse requerimento em votação, mas estou sendo obrigado a fazê-lo em defesa do meu nome e em defesa dessa CPMI”, disse Maia.

Relatório final

A CPMI do 8 de janeiro está prevista para finalizar seus trabalhos no dia 17 de outubro. O relatório final da comissão deve apontar responsabilidades pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Peter Paulo

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