A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enfrenta um momento de crise interna com a recente exoneração do secretário de Planejamento e Gestão, investigado na Operação Última Milha conduzida pela Polícia Federal (PF). A operação, que veio a público na última sexta-feira (20), também resultou no afastamento de dois diretores cujas identidades permanecem em sigilo devido à proteção legal atribuída aos agentes de inteligência.
O agora ex-secretário da Abin já estava afastado de suas funções desde o início das investigações, uma medida ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que supervisiona o caso. O foco da investigação é o uso indevido de um sistema avançado de geolocalização de dispositivos móveis por servidores da agência, realizado sem a autorização judicial necessária.
Segundo informações fornecidas pela Polícia Federal, o recurso tecnológico em questão é descrito como um “software intrusivo” que afeta diretamente a infraestrutura crítica de telefonia do Brasil. O sistema teria sido empregado diversas vezes para invadir a rede de telefonia, uma operação que não só viola protocolos legais como também foi conduzida com o uso de recursos públicos.
A exoneração dos cargos de alto escalão dentro da Abin sublinha a seriedade das acusações e a necessidade de uma revisão interna rigorosa. Este incidente levanta questões profundas sobre a conduta e a responsabilidade das instituições de inteligência, bem como destaca a importância do uso ético e legal dos recursos tecnológicos na era digital. A expectativa é que mais desenvolvimentos no caso sejam revelados à medida que as investigações avançam.