sexta-feira, dezembro 27, 2024
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Acesso à Internet entre jovens brasileiros cresce, mas desigualdade persiste, indica estudo

O mais recente estudo TIC Kids Online Brasil, divulgado hoje pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revela um crescimento modesto no número de crianças e adolescentes com acesso à internet em 2023, embora destaque persistentes desigualdades socioeconômicas no acesso. Segundo a pesquisa, 95% das crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos estão online, um aumento em relação aos 92% registrados em 2022.

Esta conectividade, que representa mais de 25,1 milhões de jovens, não é uniforme em todas as camadas sociais. Luísa Adib, coordenadora da pesquisa, enfatiza que 475 mil dos jovens que nunca acessaram a internet pertencem às classes D e E. “Isso reflete pouco aumento na conectividade desses indivíduos,” afirmou Adib em declaração à Agência Brasil.

O estudo também apontou um fenômeno interessante: o primeiro contato com a internet está ocorrendo mais cedo. Cerca de 24% das crianças agora acessam a internet antes dos seis anos de idade, em comparação com apenas 11% em 2015. Este acesso precoce, contudo, não é sinônimo de oportunidades ampliadas.

Adib destaca a importância da diversidade de dispositivos e da qualidade da conexão para o aproveitamento efetivo das oportunidades online, principalmente educacionais. O estudo mostra que o celular é o principal meio de acesso à internet para 97% dos jovens, sendo inclusive o único meio para 20% deles. “As crianças que acessam a internet pelo celular e pelo computador realizam todas as atividades investigadas de educação em proporções maiores que aquelas que acessam somente pelo telefone celular,” explicou.

A pesquisa também abordou temas complexos como exposição à publicidade e conteúdo sexual. Apesar de legislações que proíbem publicidade direcionada a menores de 12 anos, 50% dos adolescentes admitiram querer produtos vistos online, evidenciando uma linha tênue na regulação do conteúdo mercadológico.

No contexto de exposição a conteúdo sexual, o estudo revela que 9% dos usuários jovens encontraram tal conteúdo online, muitas vezes involuntariamente. Adib ressalta que, embora certos riscos estejam presentes, a proibição não é a solução. “Proibir, inibir ou restringir a participação não necessariamente vai protegê-la do risco,” disse ela, promovendo o diálogo e a supervisão responsável como meios mais eficazes de proteção.

Realizada entre março e julho de 2023, a pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou 2.704 jovens e seus responsáveis, fornecendo insights valiosos não apenas sobre o uso da internet, mas também sobre as barreiras socioeconômicas que continuam a influenciar quem tem acesso e quem fica de fora na era digital.

Peter Prestes

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