O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, argumentou que o Brasil deve se inspirar nas estratégias dos Estados Unidos e Europa. Ele enfatizou a necessidade de se promover investimentos e financiamentos públicos para impulsionar uma reindustrialização voltada à transição energética.
Durante sua apresentação na Comissão de Meio Ambiente do Senado nesta terça-feira (31), Mercadante evidenciou uma “janela histórica de oportunidades” que o Brasil enfrenta, dada a reorganização da economia global.
Ao citar os esforços financeiros de outras nações, Mercadante mencionou que 500 bancos públicos globais possuem um patrimônio combinado de US$ 18,7 trilhões, representando 10% dos investimentos totais. Nos EUA, US$ 383 bilhões estão sendo direcionados à transição energética, com adicional de US$ 280 bilhões focados em microprocessadores.
Ainda em sua fala, Mercadante criticou a contradição percebida entre as práticas de grandes potências e suas recomendações para nações em desenvolvimento. Ele destacou a hipocrisia do “Ocidente” ao defender políticas neoliberais de “Estado mínimo”, enquanto simultaneamente investe pesadamente em sua própria infraestrutura e indústria.
Neste contexto, o papel do BNDES é essencial para garantir que o Brasil permaneça competitivo. Mercadante ressaltou a importância do crédito público e das parcerias público-privadas para estruturar projetos significativos no mercado de capitais.
Além disso, ele enfatizou o potencial do Brasil como um polo de investimentos, dada sua estabilidade e paz relativas, especialmente em um cenário global turbulento.
Sobre a região da Amazônia, Mercadante observou um aumento considerável na demanda de crédito, com um crescimento de 204%. Ele destacou a colaboração com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, resultando em um investimento de R$ 4,5 bilhões para a área. A perspectiva é de que os investimentos alcancem R$ 100 bilhões com a Coalizão Verde, uma iniciativa focada no desenvolvimento sustentável dos países amazônicos.
A Coalizão Verde, apresentada na Declaração de Belém, busca promover o desenvolvimento sustentável na região amazônica. A declaração foi assinada pelos líderes dos oito países que compõem a bacia amazônica durante a Cúpula da Amazônia.
Peter Paulo