A vereadora Edna Sampaio (PT) retomou oficialmente seu mandato na Câmara Municipal de Cuiabá, após a justiça anular a decisão de cassação que a afastara do cargo. A cassação, que ocorreu sob a acusação de apropriação indébita de verbas indenizatórias, foi derrubada pelo juiz Agamenon Alcântara Moreno Junior, que declarou nulidade no processo por descumprimento dos ritos processuais legais e extrapolamento do prazo de tramitação.
Durante seu retorno, a vereadora, que é a única mulher negra no parlamento de Cuiabá, realizou um discurso marcante, comparando sua cassação com a escravidão e enfatizando a resistência e a liberdade como negra. Ela acusou seus colegas de tentarem destruir sua imagem e mobilizar o ódio contra ela, afirmando que sua presença na política nunca foi para confrontar, mas sim para representar e defender diversos grupos, incluindo pessoas negras, LGBTs e pobres.
O retorno da vereadora foi marcado por uma recepção festiva, com a presença de lideranças de movimentos sociais, que demonstraram apoio e celebração pela sua volta. Gisele da Silva Oliveira, do Movimento das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), destacou a importância da vereadora para a causa, enquanto Ellen Luiza Gomes, do movimento estudantil da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), ressaltou a relevância da luta de Edna Sampaio para as mulheres negras.
A vereadora criticou a ação da Câmara, que segundo ela, tentou eliminar a possibilidade de uma voz dissonante e diversa na política. Ela enfatizou a importância da democracia e da representatividade no legislativo.
O caso de Edna Sampaio gerou controvérsias. A maioria dos vereadores havia endossado o processo disciplinar contra ela, acusando-a de se apropriar de Verba de Indenização (V.I.) da sua ex-chefe de gabinete. No entanto, a vereadora justificou que os valores eram concentrados em uma única conta para facilitar a gestão e a prestação de contas, prática adotada no contexto de seu mandato coletivo.
Por Peterson Prestes
