A Operação Espelho, deflagrada pela Polícia Civil do Mato Grosso, revelou um complexo esquema de fraudes em contratos de prestação de serviços médicos no Hospital Estadual Lousite Ferreira da Silva, em Várzea Grande, causando um prejuízo estimado em R$ 57,5 milhões aos cofres públicos. Este esquema, investigado desde 2021, envolveu um cartel de empresas que fraudava licitações e contratos, especialmente de UTIs, em hospitais regionais e municipais do estado. As ações se intensificaram durante a pandemia da Covid-19, período em que, aproveitando-se da urgência e desespero dos gestores públicos, a organização criminosa simulava concorrência para inflacionar os preços dos serviços médicos, internando pacientes desnecessariamente nas UTIs para aumentar lucros.
Recentemente, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou 22 pessoas envolvidas neste esquema, solicitando a reparação dos danos e a perda dos cargos públicos de três denunciados. No entanto, uma reviravolta significativa ocorreu em relação a Caroline Campos Dobes Conturbia Neves, ex-secretária-adjunta de Gestão Hospitalar do Estado. Apesar de inicialmente incluída na denúncia, a Justiça, sob a liderança do juiz Jean Garcia Bezerra, rejeitou as acusações contra ela por falta de indícios concretos de ilegalidade. A decisão ressaltou a ausência de provas que demonstrassem a participação direta de Caroline no esquema, incluindo a falta de evidências de que ela tivesse alterado termos de referência para beneficiar indevidamente a empresa contratada.
Com o desenvolvimento das investigações, foram identificados contratos fraudulentos com diversos hospitais no Mato Grosso. A segunda fase da Operação Espelho resultou no sequestro e bloqueio de aproximadamente R$ 35 milhões em bens, incluindo veículos de luxo e imóveis, visando reparar os prejuízos causados ao erário público.
Esta situação destaca a complexidade dos esquemas de corrupção no setor público e a importância de investigações aprofundadas para garantir a justiça. A Operação Espelho continua sendo um caso significativo no combate à corrupção em Mato Grosso, servindo como um exemplo da necessidade de vigilância e transparência nas contratações públicas.
Peterson Prestes
