Há muitos anos a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Cuiabá) cobra do Poder Público a revitalização do Centro Histórico da capital, bem como a fiscalização e autuação em relação aos imóveis particulares, que não pertencem ao município, tanto que a instituição integra também o grupo Amigos do Centro Histórico de Cuiabá (ACHC), que luta incansavelmente para preservação da sua história. A exemplo disso, recentemente a CDL foi parceira na celebração de um convênio da Prefeitura com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), para incorporação dos estudos realizados pela unidade de ensino, com apoio da ONU, na legislação do município.
De acordo com o presidente da CDL Cuiabá, Celio Fernandes, a imprensa tem mostrado e as entidades têm cobrado ações efetivas para preservar os casarões antigos e a revitalização geral do centro histórico. “Contudo, o que vemos são apenas reuniões, conversas e promessas de ações, mas nada de efetivo. O nosso Centro Histórico pede socorro e nós estamos pedindo ações da Prefeitura a muito tempo, antes que nada mais sobre, apenas ruinas”, lamentou ele.
Para a CDL Cuiabá ainda, “além dos imóveis tombados como patrimônio cultural, há diversos que são de propriedade particular e que, em sua maioria, estão em ruínas, e muitos foram invadidos por usuários de drogas. Não podemos deixar a nossa história se perder sem agirmos”, disse Fernandes.
UM POUCO DA HISTÓRIA
A história de Cuiabá é muito rica e também integra a história do Brasil. O primeiro presidente do País morou em nossa capital, ou melhor, Marechal Deodoro da Fonseca não só morou, como se casou com Mariana Cecília de Souza Meireles e viveu, com a mulher, na Rua Cândido Mariano, no Largo da Boa Morte em 1888. Atualmente, a casa é de propriedade da Igreja Católica, que aluga o imóvel, conhecido como Casa dos Frades Franciscanos.
Marechal e Mariana casaram-se na Paróquia da Sé do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Esta é apenas uma das histórias, quase desconhecidas, que constroem a identidade cultural da capital de Mato Grosso, além disso, os casarões do Centro Histórico, em sua maioria, não têm as histórias difundidas.
Vale lembrar que dos 600 imóveis reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), 400 estão tombados como patrimônio histórico da capital.
“Grande parte desses imóveis estão em ruínas, nenhum possui identificação sobre sua história nas fachadas e outros apresentam graves problemas estruturais. Outra parte desabou e ainda espera por revitalização, ou seja, precisamos agir urgentemente. Precisamos fazer com que a população volte a frequentar o Centro, sentir essa energia e a alma da cuiabania que existe, além de atrairmos visitantes de outras regiões para conhecer a nossa história”, disse, reforçando novamente que os projetos devem sair do papel. “A CDL Cuiabá, vai continuar persistindo para que o Centro Histórico de Cuiabá tenha o tratamento que merece. É uma questão complexa, mas que merece nossa atenção”.