A empresa Vip Prestação de Serviços Médicos Ltda, alvo da quarta fase da Operação Curare, deflagrada nesta quinta-feira (20), recebeu R$ 25,8 milhões da Prefeitura de Cuiabá entre os anos de 2019 e 2022.
A empresa tem como proprietário Douglas Correa, que segundo a Polícia Federal seria “testa de ferro” do ex-secretário-adjunto da Saúde de Cuiabá, Milton Correa da Costa Neto. Ambos foram alvos de buscas na operação policial.
A informação consta na decisão do juiz Jefferson Schneider, da 5ª Vara da Justiça Federal, que autorizou a operação.
De acordo com o documento, cerca de 30% dos pagamentos feitos para a Vip Serviços ocorreram quando Milton exercia a função de secretário-adjunto da Saúde.
Ainda conforme as investigações, o uso de um “laranja” foi a maneira encontrada pelo grupo investigado para contornar o impedimento de Milton contratrar com a administração pública, já que era secretário-adjunto na gestão de Emanuel Pinheiro (MDB).
“Os elementos fáticos-probatórios demonstram a existência de complexa organização criminosa, que atuou para a sua perpetuação à frente de serviços de saúde do Município de Cuiabá, valendo-se inclusive, da cooptação do então ocupante de cargos diretivos na gestão municipal mediante o pagamento de vantagens indevidas”, diz trecho do documento.
“A presente representação demostra como um ex-secretário adjunto da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Cuiabá contornou o seu impedimento de contratar com a administração, por meio de uma empresa em nome de testa de ferro, embora sob seu controle”, diz outro trecho do documento.
Organização criminosa
A quarta fase da Curare investiga um esquema de corrupção e lavagem de capitais com recursos públicos destinados à Saúde de Cuiabá, em aproximadamente de R$ 3 milhões.
No total, a operação cumpriu quatro mandados de busca e apreensãoem Cuiabá e Chapada dos Guimarães, para recolher documentos e dispositivos eletrônicos – celulares e computadores.
As investigações da PF apontam que a empresa Vip Prestação de Serviços manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas.
As investigações, ainda demonstraram que recursos do grupo empresarial, oriundos, em última instância, dos cofres municipais, foram empregados na aquisição de uma aeronave, em nome de Milton Correa.
Esse avião chegou a se acidentar, em setembro de 2021, quando caiu e matou o médico George da Costa Melo, de 39 anos
Midia News