Empresários do Grupo Veggi teriam importado mercúrio ilegal até mesmo dentro de martelos, como forma de ocultar o produto. Um vídeo do celular de um dos acusados mostra mercúrio sendo injetado com uma seringa dentro da cabeça do martelo.
O mercúrio tinha como destino garimpos em Mato Grosso, Rondônia e Pará, todos dentro da Amazônia Legal. O produto é utilizado para extração de ouro.
A conversa aconteceu entre Arnoldo Silva Veggi, o Dodo Veggi, ex-vereador por Cuiabá e considerado um dos líderes do esquema, e o pai dele, Ali Veggi Atala. Este último é químico e seria o “operador técnico” do grupo. Ele teve o registro profissional de químico suspenso pela Justiça.
As informações foram coletadas pela Polícia Federal na Operação Hermes (Hg), deflagrada no começo de dezembro de 2022.
O diálogo entre Dodo e Ali aconteceu cerca de um mês antes da operação. Em 5 de novembro, os dois teriam importado mercúrio sem autorização de um fornecedor do México.
O mercúrio teria sido injetado com uma seringa na cabeça do martelo, que saiu da Cidade do México para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde o Grupo Veggi também mantinha operações.
Pai e filho mencionam o mercúrio líquido injetado em martelos de ferro, e citam “DHL”, em referência, segundo a PF, à empresa de logística.
Já em 17 de novembro, Dodo Veggi informa ao pai que “o segundo martelo contendo mercúrio dissimulado já havia saído de Miami – EUA com destino ao Brasil”, e que “a entrega estava prevista para o dia 22 de novembro de 2022”.
“Frise-se que, com o sucesso do envio do primeiro martelo contendo mercúrio oculto, Arnoldo [Dodo] e Ali já encomendaram para o indivíduo de alcunha Fábio mais 10 (dez) martelos recheados de mercúrio para a importação ilícita”, diz trecho do relatório da PF.
Em um áudio, Dodo Veggi informa ao pai que está em Acapulco, “conhecendo a praia no Oceano Pacífico”. E diz que o primeiro martelo “acabou de ser liberado” para ir até Santa Cruz de La Sierra.