Imagens de barras de ouro, de armas de grosso calibre, de dezenas de diamantes e de muito dinheiro foram encontradas pela Polícia Federal (PF) no celular do empresário Mateus Felipe de Matos, de Juína, nordeste de Mato Grosso. Documentos exclusivos obtidos pela reportagem mostram detalhes do patrimônio fotografado por ele mesmo e encontrado pela PF.
Mateus foi um dos alvos da Operação Itamarã, deflagrada no dia 26 de abril deste ano, para investigar ação criminosa de traficantes de diamantes, que utilizavam informações falsas para enviar as pedras preciosas para o exterior, principalmente para o Emirados Árabes Unidos e para a Bélgica.
O jovem empresário Mateus Felipe, de apenas 26 anos, foi preso na última terça-feira (20), após cumprimento de mandado de prisão. Até então, Mateus era considerado foragido e estava incluído na lista vermelha da Interpol.
Morador da Fazenda Encanto do Mundo, em Juína, o empresário é apontado como um dos grandes fornecedores do milionário esquema de tráfico diamante. A suspeita é de que as pedras milionárias eram extraídas em garimpos no norte de Mato Grosso e no Pará.
Segundo a PF, Mateus é sócio da empresa Matos Mining Extração e Expertação LTDA. Mesmo sem qualquer título minerário na Agência Nacional de Mineração (ANM) em nome de Mateus ou de sua empresa, a PF localizou dezenas de imagens de diamantes, barras de ouro e conversas de Whatsapp sobre negociações de pedras preciosas.
Os policiais também encontraram durante cumprimento de mandado de busca e apreensão contra Mateus fotos de armas de fogo de grosso calibre e informações sobre a aquisição do avião de prefixo PR-CDF, que foi comprado pelo empresário por 1,6 milhões de reais, pagos integralmente em dezembro de 2021. O avião foi apreendido em um aeroporto em Maringá, no Paraná.
Em quebra de sigilo bancário autorizada pela Justiça Federal, o empresário mato-grossense aparece como remetente de R$ 1.210.593,50 e como o beneficiário de recursos num total de R$ 376.836,00.
Mateus teria repassado recursos para outros alvos da operação e também recebido dinheiro deles. O que, segundo a PF, também reforça o vínculo entre eles dentro da organização criminosa.
Contato com o exterior
De acordo com relatórios da PF obtidos com exclusividade, Mateus seria um dos principais fornecedores de diamante para a organização criminosa.
Policiais encontraram conversas do jovem empresário, em inglês, com Kuhram Shahzad que seria um dos compradores de diamante da região.
Para a PF, Kuhram seria um grande negociador de pedras preciosas contrabandeadas, seus negócios estão centralizados em Dubai, onde possui endereço comercial.
“Três telas de whatsapp que mostram que MATEUS e KHURAM mantém relações comerciais. A primeira conversa é sobre pedras que foram enviadas para DUBAI, MATEUS indaga também quando KHURAM virá ao Brasil. A segunda tela é um diálogo em inglês onde parece ter ocorrido um desentendimento entre os envolvidos, MATEUS cobra um dinheiro de KHURAM e este diz que esta acamado, mas MATEUS afirma tê-lo visto no GOLDEN SOUK (mercado tradicional em DUBAI)”, diz trecho do relatório policial.
A PF aponta que Mateus e outros grandes fornecedores viajavam com frequência para Dubai e para a Antuérpia, na Bélgica, dois grandes centros mundiais do comércio de diamantes.
Midia Jur