Discursos e realidade sobre o desmatamento da Amazônia

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    EUCLIDES RIBEIRO

    A diminuição das florestas da Amazônia é tema da mídia nacional e internacional, disputando espaço com a Covid-19. Notícias desencontradas, acusações, ameaças e protestos são rotina. Mas para compreender o que se passa nessa imensa e valiosa área do nosso território é preciso despir-se de emoções infantilizadas e de radicalismo.

     

    Como imagens falam mais do que mil palavras vamos analisar esse registro abaixo emitido pela Nasa. O site se dedica exclusivamente a mostrar os focos de fogo ativos na vegetação do mundo nas 24 horas anteriores. O instantâneo foi feito nesta segunda-feira, dia 28/09. Quem preferir conferir in loco pode acessar diretamente a página no endereço https://firms.modaps.eosdis.nasa.gov/. Dificilmente esse cenário será muito diferente do que foi captado.

     

    E como se pode constatar, os incêndios registrados no Brasil nem se comparam com os que consomem a segunda maior floresta tropical do mundo, a da Bacia do Congo, e a Ilha de Madagascar, ambas na África. No Brasil, há clarões na altura do Piauí, do Maranhão e na chamada Amazônia legal. Pelo menos essa desculpa não poderá mais ser usada para justificar possíveis punições de empresas e governos internacionais para não investir no país.

     

    A foto da Nasa reflete a realidade do ponto de vista científico. Não se trata de uma opinião. E vendo este mapa de focos de fogo no mundo você diria que a preocupação dos ativistas brasileiros de plantão e da comunidade internacional é só com a preservação das florestas, sem intenção de criar factoides eleitoreiros e ânimos para a imposição de barreiras agropecuárias no país?

     

    Há uma evidente guerra comercial sendo desencadeada contra o Brasil, com a questão ambiental servindo como instrumento geopolítico de países concorrentes para desqualificar nossa produção, numa batalha desleal e covarde contra nossos produtores.

     

    O agronegócio se tornou o setor mais competitivo da nossa economia. E essa conquista não se deu às custas da depredação do meio ambiente pois os produtores rurais são responsáveis pela proteção de quase 30% do território nacional. Gastam R$ 20 bilhões por ano, do próprio bolso, para preservar suas reservas legais.

     

    Nenhum país do mundo tem uma legislação tão rigorosa como o Código Florestal brasileiro. Nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia os fazendeiros podem usar a totalidade da área para atividades agropecuárias. A falsa ideia de que agricultura e meio ambiente são interesses antagônicos não passa de retórica ideológica para alimentar discursos político-partidários, estimular o protecionismo agrícola e financiar ambientalistas oportunistas.

     

    Sem contar que grande parte do desmatamento ilegal se dá em ´terra de ninguém´ áreas sem documentação e escritura, ocupadas por grileiros e alvo de criminosos que desmatam tanto terras públicas quanto privadas. A regularização fundiária é uma tarefa urgente e necessária para o Estado ter meios legais de responsabilizar os proprietários pela preservação de suas áreas e punir criminosos.

     

    O Congresso precisa retomar urgentemente a discussão do projeto de lei que trata sobre o assunto. Se o texto atual é polêmico e precisa de ajustes, tudo bem, o colegiado parlamentar existe exatamente para aparar as arestas.

     

    Que retomem sua vocação e parem de ficar criando factóides e transformando o agronegócio no bode expiatório do problema. O agro é a força do PIB do país. O agro é emprego. O vilão dessa história definitivamente não está no campo.

     

    Euclides Ribeiro é advogado e candidato ao senado pelo Avante.

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