O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, criticou o texto da Reforma Tributária apresentada pelo Congresso Nacional, apontou prejuízos aos produtores e disse que o estado de Mato Grosso pode quebrar. Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta terça (04), ele defendeu que os produtores pressionem os parlamentares para que a votação do projeto não ocorra nesta semana, como deseja o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP-AL).
Segundo dados do Governo do Estado, os produtores de soja, milho e algodão terão que gastar cerca de 7,5% a mais para produzir. Além disso, a renda bruta cairia em média 29%. No caso de quem planta soja, a queda seria de 45%, enquanto que quem planta milho e algodão veria sua renda bruta cair em 20%.
“Para o produtor rural, que hoje já contribui com os tributos, através da compra de insumos, antes da porteira e até na venda de produtos para trading, depois da porteira como a gente fala, após essa reforma teremos a obrigatoriedade de gerar um boleto mensal e pagar esses impostos diretamente ao Fisco. Aí a gente se pergunta: e aqueles tributos que estão embutidos, por exemplo, nas máquinas, nos insumos, que obviamente são repassados ao produtor? A resposta é continuarão existindo exatamente da mesma forma”, disse.
Segundo Cadore, a ideia por trás dessa proposta é que as empresas irão repassar a redução da carga tributária aos produtores em forma de acréscimo na compra dos produtos, mas ele questiona essa noção. “Nós não podemos acreditar nisso. Quem vai deixar de ter lucro?”.
O produtor citou ainda que o Governo Federal pretende taxar a cesta básica em até 60% por todo o Brasil, aumentando os custos para o público final da cadeia produtiva.
“O governo irá taxar a cesta básica, produtos que hoje são desonerados e até isentos e que mesmo assim já pesam demais as despesas das famílias. Segundo a Associação Brasileira dos Supermercados, meus amigos, o aumento dessa carga tributária sobre a cesta básica será em torno de 60%. Imagina o impacto disso numa família”, acrescentou.
Segundo a entidade, que representa os supermercados brasileiros, somente no Centro-Oeste, o aumento médio pode chegar a 69,3%.
“Não podemos aceitar que um texto que mexe tanto com as nossas vidas seja apresentado no dia 22 de junho e aprovado no início de julho, como querem os deputados do grupo de trabalho da Reforma”, disse, convocando os produtores a pressionarem os parlamentares mato-grossenses no Congresso Nacional.
Fernando Cadore alertou que a Reforma vai tirar a capacidade e a autonomia dos estados que são produtores primários, como é o caso de Mato Grosso, fazendo com que o governo estadual perca logo nos primeiros anos a capacidade de honrar a folha de pagamento e de realizar investimentos nas estradas, o que afetaria diretamente o setor.
Se não houver nenhuma mudança de planos, o texto da Reforma Tributária deve ser votado entre quinta (06) e sexta (07).
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Repórter MT