Atraso de 2 anos na reforma do Mercado do Porto revolta feirantes

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Quase quatro anos após o início da reforma do Mercado do Porto, um dos principais pontos turísticos da Capital, a Prefeitura ainda não concluiu as obras, que visam requalificar e ampliar o espaço em 5 mil metros quadrados.

A obra no Mercado Municipal Antônio Moisés Nadaf – como é oficialmente chamado – teve início em abril de 2019, com investimento previsto em R$ 14,4 milhões. 

A previsão de término na época foi estimada em dois anos. E apesar das recorrentes promessas de entrega, os feirantes reclamam do atraso e até do abandono dos trabalhos.

A reportagem foi até o mercado conversar com feirantes, que expuseram o descontentamento e relataram como o atraso tem afetado a rotina de trabalho.

A pedido deles, que temem represálias, não serão revelados seus nomes.

“Nós estamos já em fevereiro e não vemos absolutamente nada acontecer de diferente desde novembro do ano passado. O asfalto, o elevador, por exemplo, não foram colocados”, reclamou um feirante.

“O prazo inicial era de um ano e meio no máximo. Vamos levar em consideração que tivemos oito meses de atraso por conta da pandemia. E mesmo assim não justifica”.

O feirante também relatou que poucas informações sobre o andamento das obras têm sido compartilhadas, o que causa mais revolta.

“Eles fizeram toda a terraplanagem e simplesmente abandonaram. Falaram que iam voltar antes do dia 10 de dezembro e não voltaram. Se você for ali, vai ver luminárias caindo, manchas na parede, teia de aranha para tudo quanto é lado”.

Além da demora, os comerciantes lamentam o descontentamento dos clientes com a área externa do mercado.

Segundo eles, a redução de vagas, a falta de asfaltamento e os buracos – que se tornam grandes poças de lama no período de chuva – têm afugentado a clientela.

“Infelizmente a gente está perdendo muito cliente por isso. Em dias de chuva, aquela poça d’água fica parecendo um rio”, disse um deles, apontando para o estacionamento lateral, na Avenida Oito de Abril.

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A poça de água formada no estacionamento lateral

“Para mim tem afetado principalmente nos finais de semana, que são os dias de maior fluxo. As pessoas vêm querendo comprar e acabam indo embora por não encontrar vaga”, relatou outro.

“Atrapalha porque é um incômodo para eles [consumidores]. Nesse período de chuva, olha como fica o entorno da feira, muita lama. Os clientes reclamam porque têm que parar mais longe”, completou o terceiro.

Na lateral do novo bloco, é possível ver vários montes de entulho, além de muita sujeira, materiais descartados e lixo. Os espaços reservados para elevadores, onde já foram cavados os fossos, estão isolados com tapumes, uma vez que os equipamentos ainda não foram instalados.

“A gente não é ouvido. O que acontece é que o ano vai passando, o mercado continua deteriorando, e nada acontece de diferente. A gente não sabe nem o rumo que está isso aí, porque está parado. Sem estacionamento, sem cerca em volta, não tem mais segurança”.

Conforme da Prefeitura, com os atrasos, a conclusão da obra agora está prevista para o ano de 2024.

Novos “donos”

Algo que também preocupa os permissionários é a metragem e a divisão dos novos estandes. Um dos feirantes contou que tem visto movimentação de não permissionários afirmando serem donos dos espaços e que teme perder o direito.

“Houve promessa de que ninguém iria perder metros quadrados de forma definitiva, mas que a gente precisaria se adequar durante a obra. Agora tem gente de fora vindo para cá falando que é dono, sendo que nós não vimos nenhum processo de licitação”, contou.

Outro permissionário ponderou sobre a segunda etapa da reforma, que será realizada na parte onde funciona o setor de carnes, pescado, hortifruti, doces e outros.

Segundo ele, todas as barracas deverão ser realocadas e encaixadas nas tendas montadas no estacionamento, o que ele considera um absurdo.

“Do jeito que eles fazem, essa obra aí com três anos… Quem vai aguentar naquele calor? Cliente vai aguentar? Quem está aqui dentro sabe das necessidades. O poder público não tem noção e não pede opinião para o feirante, que é o maior interessado”.

“A temperatura debaixo daquelas tendas chega a 50 graus. Eu acho que é muita falta de noção deles pensar dessa maneira”.

Sobre o mercado

A antiga estrutura do Mercado do Porto, que tem aproximadamente 26 mil metros quadrados, foi inaugurada em 1995 e nunca havia passado por uma reforma.

Sendo um dos principais pontos turísticos de Cuiabá, em 2019 a Organização do Mercado do Porto estimou que o comércio movimentou mais de R$ 240 milhões, e recebeu aproximadamente 1,2 milhão de clientes.

MidiaNews

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