Atraso em sistema de proteção causou apagão nacional, revela diretor-geral do ONS

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Brasília (DF) 29/08/2023 Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, participam de audiência conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle; e de Minas e Energia. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

O apagão que afetou quase 29 milhões de brasileiros em diversas regiões do país no último dia 15 foi desencadeado por um atraso na ativação do sistema de proteção de uma usina elétrica, informou Luiz Carlos Ciocchi, Diretor-Geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em depoimento nesta terça-feira (29). O esclarecimento ocorreu durante a reunião conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.

De acordo com Ciocchi, o equipamento de proteção deveria ter sido acionado em 15 milissegundos, como originalmente planejado pelos órgãos competentes. No entanto, a ativação demorou entre 80 e 100 milissegundos, levando a uma sobrecarga que causou o blecaute em grande escala.

“Os técnicos só conseguiram replicar o ocorrido em simulações após receberem a informação crucial de que o sistema de proteção de uma usina poderia ter levado mais tempo do que o previsto para ser acionado”, afirmou o diretor-geral do ONS, a entidade privada encarregada de coordenar e controlar as operações de geração e transmissão de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN).

Ciocchi também destacou que o chamado “evento zero”, que contribuiu para o blecaute, foi o desligamento inesperado da linha de transmissão 500kV Quixadá-Fortaleza. No entanto, ele reforçou que essa não foi a causa principal do apagão, já que o sistema de energia brasileiro é construído com redundâncias e deveria resistir a falhas simples como essa.

Impacto Diferenciado em Regiões do País

O apagão afetou diversas partes do Brasil, com exceção do estado de Roraima, que não está conectado ao SIN. Segundo Ciocchi, a recuperação foi mais rápida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde a energia foi quase completamente restabelecida em menos de uma hora. No entanto, no Nordeste, 70% da carga afetada levou cerca de três horas para ser recuperada. Na Região Norte, o impacto foi ainda maior, com a recuperação enfrentando várias dificuldades.

“Em termos nacionais, estamos falando de um apagão de grandes proporções”, admitiu Ciocchi, acrescentando que um relatório completo sobre as causas e responsabilidades por trás do apagão será divulgado pelo ONS nas próximas semanas.

O episódio levanta preocupações quanto à resiliência da infraestrutura energética do Brasil e coloca em xeque a capacidade do país de prevenir falhas desse tipo. A medida que o ONS trabalha para esclarecer os detalhes, a opinião pública e as autoridades esperam medidas eficazes para evitar ocorrências similares no futuro.

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