O Banco Central (BC) decidiu cortar a Selic, taxa básica de juros, de 13,75% para 13,25%. A ação foi tomada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que chegou a um consenso de que reduções de 0,25 ou 0,5 ponto percentual seriam adequadas para aproximar a inflação à meta.
A decisão aconteceu após a constatação de queda expressiva da inflação e permitiu o início de uma suavização monetária cuidadosa. O comitê reconheceu a necessidade de cautela, devido a fatores como inflação de serviços ainda acima da meta e economia resiliente.
O corte de juros foi o primeiro em três anos, e a Selic já foi reduzida anteriormente em agosto de 2020, chegando a 2% em meio à recessão causada pela pandemia de COVID-19. Desde então, o BC elevou a Selic doze vezes, mantendo-a em 13,75% durante sete vezes consecutivas.
A taxa Selic, principal ferramenta do BC para atingir a meta de inflação, deve seguir cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões. A estratégia, avaliada pelo órgão, busca manter a política monetária restritiva necessária para controlar a inflação.
Em junho, o país registrou deflação de 0,08%, e a inflação acumula 2,87% no ano e 3,16% nos últimos 12 meses, abaixo dos 3,94% nos 12 meses anteriores. Essa tendência de queda vem sendo observada desde junho de 2022.
Os membros do Copom concluíram unanimemente que é preciso continuar com uma política monetária restritiva e prudente para fortalecer o processo de queda da inflação. Eles também discutiram a inflação de serviços, que permanece estável, e destacaram a importância de focar em seus fundamentos.
A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25% para este ano, com margens de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. As projeções de inflação do Copom são de 4,9% para 2023 e 3,4% para 2024.
O Copom também observou melhorias nas expectativas de inflação e elogiou a mudança para um sistema de meta contínua a partir de 2025, bem como a reação positiva do mercado a essas decisões.
Na esfera fiscal, o comitê notou que a dinâmica ainda é relevante, e alguns membros expressaram preocupações com incertezas remanescentes. Foi discutida a necessidade de manter o compromisso fiscal e reduzir incertezas sobre medidas tributárias para acelerar a desinflação.
O Copom enfatizou a importância das reformas estruturais e da previsibilidade das contas públicas para o crescimento econômico e a confiança dos investidores.
A discussão também abordou desafios globais, como a inflação internacional mais elevada, e a necessidade de o Banco Central manter sua credibilidade e reputação no combate à inflação, independentemente das mudanças em sua diretoria.