O Brasil, comprometido em zerar a emissão líquida de gases do efeito estufa até 2050, enfrenta um desafio significativo. Um estudo recente da Universidade de Oxford, liderado pela Dra. Aline Soterroni, indica que soluções baseadas na natureza (SbN) podem ser a chave para atingir essa meta. Essas soluções, que incluem o fim do desmatamento legal e ilegal e o reflorestamento em larga escala, são vistas como mais econômicas e adaptadas às condições brasileiras do que alternativas tecnológicas como a captura de carbono.
Segundo o estudo, a implementação de políticas de conservação existentes, como o Código Florestal, é crucial, mas ainda insuficiente. A pesquisa quantificou que, mesmo com a aplicação do Código Florestal, a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) seria de apenas 38% até 2050. Para alcançar a meta net zero, o estudo sugere a necessidade de investir em soluções baseadas na natureza, que incluem a eliminação do desmatamento e a restauração da vegetação nativa.
Dra. Soterroni destaca que o controle do desmatamento e a restauração da vegetação nativa são medidas imediatamente implementáveis a um custo relativamente baixo, oferecendo múltiplas vantagens, como mitigação e adaptação às mudanças climáticas, redução da perda de biodiversidade e suporte à economia.
Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coautor do estudo, aponta a agricultura como o segundo maior setor emissor do Brasil e reitera a importância de soluções baseadas na natureza para o país. Ele menciona a importância do desmatamento zero e da restauração da vegetação nativa em comparação com soluções de engenharia mais custosas e arriscadas.
Ainda assim, a atualização oficial recente da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira não apresenta um plano detalhado para a meta net zero de longo prazo. Os pesquisadores apelam para que as soluções baseadas na natureza sejam integradas de forma holística nos compromissos climáticos nacionais, incluindo a meta net zero.
Diante desses desafios e soluções propostas, o Brasil se encontra em uma encruzilhada crucial. A adoção efetiva de políticas ambientais alinhadas com as sugestões do estudo de Oxford pode não apenas ajudar o país a cumprir suas obrigações climáticas, mas também trazer benefícios econômicos e ecológicos significativos.
Por Peterson Prestes