O número de novos casos do novo coronavírus no Amazonas durante a primeira semana de maio é dez vezes maior em comparação com os números de contaminados pela doença durante o mesmo período de abril. Enquanto nos primeiros sete dias de abril o número de contaminados foi de 461, o início de maio teve novos 4.854 casos. Atualmente, o estado registra um total de mais de 12 mil infectados.
No comparativo foram levados em consideração, exatamente, os sete primeiros dias de cada mês. Os números significativos representam um aumento de 950% de abril para maio.
Uma das justificativas para a evolução exponencial dos números é a falta de adesão ao isolamento social, recomendado pelo Ministério da Saúde e pelo Governo do Amazonas. Um levantamento mostrou que na primeira semana de abril, 59% da população seguiu a recomendação. Já na primeira semana de maio, quando houve aumento expressivo dos casos de coronavírus, o índice de isolamento baixou para 47%.
Segundo o diretor-técnico da (FVS), Cristiano Fernandes, o salto no número de novos casos de Covid-19 também reflete a ampliação da rede de diagnóstico e o aumento da testagem no estado.
“Como nós tínhamos uma parcela de amostras reprimida, fizemos uma força-tarefa para atualizar nosso banco de diagnóstico, e isso aumentou significativamente o número de casos registrados. Aumentamos nossa capacidade de processar as amostras, então a tendência é termos mais diagnósticos”, explicou.
Cristiano disse, ainda, que o Amazonas ainda está com a curva de casos em crescimento, e que não é possível afirmar se o Estado já superou o pico.
“Não conseguimos afirmar essa redução ainda, pelo contrário, estamos com aumento. O interior passou de 30% para 40% do total de casos notificados no estado, então isso mostra um aumento da doença”, concluiu.
Ainda conforme a FVS, o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) entrega cerca de 720 resultados por dia, em regime de trabalho de 24h. Em paralelo, a Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) tem capacidade para analisar, no mínimo, 200 amostras por dia, enquanto a Fiocruz Amazônia consegue processar pelo menos 100 exames diários.
Índices de isolamento social
Diante da curva de crescimento e como forma de reduzir esses números, o funcionamento do comércio não essencial continua fechado até o dia 13 de maio, no Amazonas. O Governo apresentou um plano de reabertura dos serviços, que pode ser executado a partir 14 de maio, caso o registro de coronavírus no Estado diminua.
Índice de isolamento social no Amazonas
Um pedido de lockdown, ou seja, bloqueio total da circulação de pessoas, protocolado pelo Ministério Público do Estado foi indeferido pelo Tribunal de Justiça que, em decisão, afirma: “não existem nos autos, até o presente momento, elementos mínimos que justifiquem a medida judicial requerida, em caráter antecipatório”.
Para acelerar a entrega de diagnósticos de coronavírus, até o momento, mais de 60 mil testes rápidos e mais de 13 mil kits para exames por meio de biologia molecular chegaram ao Amazonas, de acordo com a Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam).
A diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), Rosemary Pinto, havia anunciado no início de abril, que o déficit de insumos para realizar testes estava atrasando a entrega dos diagnósticos.
Sistemas em colapso
Atualmente, mais de 95% dos leitos para pacientes de Covid-19 estão ocupados. Faltam leitos e profissionais, aparelhos são improvisados e contêineres frigoríficos têm sido instalados nas unidades de saúde e nos cemitérios para comportar aumento de mortes .
No final de abril, a capital registrou recorde de enterros desde o início da pandemia, com 140 sepultamentos. A Prefeitura informou que a projeção do pior cenário de maio é que ocorram cerca de 4,2 mil sepultamentos em maio. Desde então, a média diária tem sido de 100 enterros na capital.