Defesa de Carlinhos Bezerra diz que ciúme não é motivo torpe; “Contratou até cigana”

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A defesa do empresário Carlinhos Bezerra protocolou recurso contra a decisão que o pronunciou para ser julgado em júri popular, pelo assassinato da ex-companheira Thays Machado, de 44 anos, e o namorado dela, William Moreno, de 30 anos, em Cuiabá. O duplo homicídio aconteceu na tarde de 18 de janeiro, na calçada do edifício Solar Monet, no bairro Consil.

O empresário é réu por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e perigo comum, surpresa e impossibilidade de defesa da vítima. Ele também responde por feminicídio contra Thays. Carlinhos está preso na Penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis.

No recurso, os advogados Francisco Faiad e Eduardo Barbosa tentam afastar as qualificadoras de motive torpe, perigo comum e utilização de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

Segundo a defesa, o motivo torpe, nesse caso, não pode ser justificado, já que o ciúme que o empresário sentia da ex “era um sentimento forte”, ao ponto de contratar uma “cigana” para reatar a relação através de trabalho espiritual. A jurisprudência é do próprio Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

“No caso dos presentes autos, o relatório técnico revelou que, dias antes do crime, o Recorrente chegou a contratar os serviços espirituais de uma ‘cigana’ com o fim de reatar o seu relacionamento com a vítima Thays, a demonstrar que seu estado emocional não pode ser qualificado como torpe ou fútil, mas sim como um sentimento pessoal forte e explicativo do seu descontrole quando do cometimento do ilícito penal imputado”, diz trecho.

No caso do perigo comum, a defesa do empresário alegou que não houve risco à integridade de outras pessoas, “sendo certo que todos os disparos de arma de fogo foram dirigidos em apenas uma direção [Thays e William]”.

“As próprias imagens das câmeras de segurança – tanto aquelas do edifício frente ao qual ocorreram os disparos, quanto as imagens colhidas por denúncia anônima – mostram que, na ocasião dos fatos, não havia pedestres ou transeuntes utilizando a rua ou a calçada onde as vítimas foram alvejadas”, sustenta.

Já com relação à utilização de recurso que dificultou a defesa das vítimas, a defesa argumenta que o casal não foi surpreendido por Carlinhos, já que tiveram contato com ele na madrugada anterior ao duplo homicídio e sabiam que ele estava armado.

“As provas contidas nos presentes autos demonstram que as vítimas, na madrugada do mesmo dia do crime, tiveram contato direto com o Recorrente [Carlinhos], ocasião em que este as perseguiu até uma delegacia de polícia. Veja-se, inclusive, que naquela ocasião as vítimas tomaram conhecimento de que o Recorrente estava armado”, afirmaram.

Carlinhos foi pronunciado para ir a júri popular pela juíza da 1ª Vara Especializada da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, no mês passado.

Na prática, o pedido da defesa visa reduzir a pena que Carlinhos poderá sofrer durante o Tribunal do Júri.

O crime

Carlinhos está preso desde a noite do dia 18 de janeiro, após matar o casal. O empresário não aceitava o fim do relacionamento com a advogada e a perseguia de forma insistente há mais de um ano.

Carlos Alberto chegou em um Renault Kwid, parou e efetuou vários disparos contra as vítimas. Foi capturado na fazenda da família, em Campo Verde, cinco horas após o crime.

Repórter MT

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