Dentistas lotados na Coordenadoria de Saúde Bucal de Cuiabá foram nomeados para chefiar unidades que só existiam no papel ou que não possuíam nem cadeira odontológica. Assim, recebiam vencimentos maiores.
O caso é investigado pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), que deflagrou a Operação Autofagia nesta terça-feira (11).
Conforme a Polícia Civil, uma vez nomeados, os dentistas eram obrigados a repassar parte de seus vencimentos a três colegas superiores, numa espécie de rachadinha.
Um dos investigados é o ex-coordenador de Saúde Bucal de Cuiabá, Renei Lara da Silva, que é servidor de carreira e foi exonerado do cargo de coordenador em fevereiro.
Conforme as investigações, ele e outros dois colegas pressionavam e ameaçavam os dentistas nomedos para que estes devolvessem parte dos subsídios.
“Autofagia”
A Operação Autofagia cumpriu ordem judiciais para afastamento de três dentistas de seus cargos por determinação da 7ª Vara Especializada Contra o Crime Organizado de Cuiabá.
A operação ainda cumpre cinco mandados de busca e apreensão. As buscas são realizadas nas residências dos servidores investigados.
De acordo com a Deccor, até o momento foram identificadas cinco vítimas do trio de dentistas, mas é possível que este número seja maior.
Quando as investigações foram iniciadas pela Deccor, os profissionais foram afastados de suas funções. Contudo, o dentista que atuava como coordenador de Saúde Bucal de Cuiabá estaria auxiliando no plano de imunização contra a Covid-19, o que reforçou a necessidade de afastamento judicial do cargo e proibição de acesso à Secretaria de Saúde.
Os suspeitos responderão pelos crimes de associação criminosa e concussão (Artigo 316 do CP), que caracteriza a conduta de funcionário público quando exige vantagem indevida para si ou para terceiros, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, porém, em razão de tal função.
CÍNTIA BORGES
MÍDIA NEWS