O otimismo inicial nos mercados argentinos, impulsionado pela vitória de Javier Milei nas eleições, deu lugar a um cenário desafiador exatamente um mês após sua posse como novo presidente. A realidade agora se traduz em queda nos preços dos títulos, enfraquecimento do peso e cautela por parte dos investidores diante dos novos leilões de dívida propostos pelo governo.
O banho de água fria nos mercados destaca os enormes desafios enfrentados por Milei, que incluem conter a inflação, evitar agitações sociais, reconstruir as reservas do país e renegociar um programa de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, o presidente enfrenta resistência no Congresso para aprovação de seu projeto de reforma “Ómnibus”, que busca privatizar entidades estatais e aumentar impostos. Um decreto de desregulamentação econômica também encontra obstáculos legais.
A realidade econômica atual é percebida na queda dos preços dos títulos soberanos argentinos, que iniciaram uma trajetória descendente após a forte alta registrada desde a vitória de Milei em novembro. O índice de risco do país atingiu o nível mais alto em sete semanas, e títulos destinados a importadores enfrentaram dificuldades para encontrar compradores.
A corretora Cohen observou que o governo está enfrentando seus primeiros obstáculos, ressaltando a falta de força política do presidente, evidenciada pelo insucesso do bônus para importadores e o aumento da diferença cambial.
Apesar desses desafios, o Banco Central acumulou cerca de US$ 4 bilhões em reservas de moeda estrangeira desde a posse de Milei, e o índice de ações local S&P Merval mantém-se em alta, impulsionado por especulações sobre a privatização da empresa petrolífera estatal YPF.
A inflação torna-se uma preocupação central, com expectativas de que tenha atingido quase 30% em dezembro e ultrapassado 200% ao longo do ano passado, deixando dois quintos da população em situação de pobreza.
O foco do governo argentino está na revitalização do acordo com o FMI, com negociações em andamento em Buenos Aires para desbloquear recursos e revisar o programa. O sucesso ou fracasso das reformas propostas por Milei será crucial para determinar as perspectivas do mercado, com a ameaça de hiperinflação pairando sobre o país.
Fonte: G1