O Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, tornou-se o cenário de um crescente drama humanitário, com mais de 170 refugiados afegãos, incluindo 45 crianças, acampados no saguão à espera de abrigo. A situação, que já dura semanas, expõe as dificuldades enfrentadas pelos refugiados, como a falta de acesso a instalações básicas de higiene, crucial para a população majoritariamente muçulmana que pratica rituais de limpeza antes das orações. Ana Paula Pinhati Oliveira, vice-presidente da Organização de Resgate dos Refugiados Afegãos, destaca as limitações de higiene no aeroporto e a insuficiência das ajudas humanitárias, especialmente nos finais de semana.
A situação dos refugiados afegãos no Brasil é um reflexo da instabilidade institucional e violações de direitos humanos no Afeganistão desde a tomada do poder pelo Talibã em agosto de 2021. Em resposta, o governo brasileiro tem concedido visto temporário ou autorização de residência para acolhida humanitária a afegãos que desejam viver no Brasil. Essa medida, estendida em setembro de 2021, ainda é condicionada à capacidade de oferta de abrigo no país. Refugiados que ainda estão no Afeganistão devem solicitar vistos nas embaixadas do Brasil em Teerã (Irã) e Islamabade (Paquistão).
Diante da situação atual, o governo do estado de São Paulo informou que está em tratativas para acolher os refugiados em um complexo na Região Metropolitana, com capacidade para até 300 pessoas, devendo estar pronto em 30 dias. No entanto, as localidades específicas ainda não foram divulgadas. Este complexo se destina a aliviar a pressão sobre as atuais instalações, já ocupadas integralmente, e fornecer um ambiente mais adequado para os afegãos acampados no aeroporto.
Este cenário no Aeroporto de Guarulhos destaca a complexidade do desafio enfrentado pelo Brasil em sua política humanitária de acolhimento de refugiados, ressaltando a necessidade urgente de soluções que respeitem a dignidade e os direitos humanos desses indivíduos em busca de segurança e uma nova vida.
Por Peterson Prestes