A vereadora por Cuiabá, Edna Sampaio (PT), denunciou na tribuna da Câmara Municipal que a Comissão de Ética extrapolou o objeto de investigação de “rachadinhas” em seu gabinete. Isso porque, para ela, os depoimentos comprovaram que não houve uso irregular da verba indenizatória (VI). Contrariada pelo rito adotado, a petista chegou a comparar a condução da apuração a uma “panaceia”. A manifestação da vereadora aconteceu durante a sessão ordinária desta terça-feira (27).
O presidente dos trabalhos, Rodrigo Arruda e Sá (Cidadania), pediu ponderação à parlamentar. Dilemário Alencar (Podemos), apontado como protagonista da oposição por Edna, rebateu as afirmações da vereadora e voltou a condenar a prática de repasse da VI por meio de conta conjunta ligada a petista.
“Quando não encontraram as evidências da rachadinha ou da apropriação indevida da verba indenizatória, passaram a extrapolar o objeto da Comissão de Ética e retomar uma discussão que não está nos autos dos processos, que é a exoneração da senhora Laura Natasha”, falou Edna Sampaio, durante a sessão.
“Essa situação de extrapolar e de que querer não discutir um fato, mas discutir a vereadora Edna Sampaio, e querer criminalizar a vereadora, isso não vou admitir e estarei lá amanhã à tarde, da mesma forma que estive em todos os debates”, disse a petista.
Arruda e Sá repreendeu Edna Sampaio, que irritou o o presidente da Comissão ao comparar a condução da apuração contra ela a uma “panaceia”. O vereador reiterou o compromisso dos membros do grupo de trabalho e a lisura dos trâmites adotados.
“Muito irresponsavelmente ela (Edna) vem falando sobre a Comissão de Ética, falando até que é uma ‘panaceia’. Gostaria que ela interpretasse depois o que é ‘panaceia’ para ela. Todos os atos que essa Comissão de Ética tem feito está (sic) dentro da legalidade processual. Boca fala o que quer e ouvido ouve o que não quer, mas pode ter certeza que estamos tocando essa Comissão da forma mais ética possível”, afirmou Rodrigo.
“INTEIRINHA”
Dilemário Alencar colocou mais lenha na discussão e provocou a petista, afirmando que a prática do mandato coletivo de depositar a VI em conta conjunta pode ser interpretado como “rachadinha, inteirinha ou integralzinha”. “Pode ser dado o nome fantasia que quiser, mas pela Lei o que está sendo investigado é o fato de recebimento ilegal de valores da VI, que pertence (sic) à ex-chefe de gabinete”, pontuou o parlamentar no plenário.
“A lei municipal que disciplina a VI não abre brecha para o chefe de gabinete terceirizar, ou seja, repassar sua verba para outra pessoa administrar, seja para bancar gastos de mandato coletivo ou outra situação que não esteja prevista em lei”, continuou o vereador fazendo menção a Lei nº 6.092 de 16 de janeiro de 2023.
PRÓXIMO DEPOIMENTO
Edna Sampaio presta esclarecimentos à Comissão de Ética em depoimento agendado para esta quarta-feira, às 14h30, na Câmara Municipal. A vereadora alvo da investigação é a última pessoa a falar à Comissão. Ela terá cinco sessões para pactuar sua defesa.
ENTENDA O CASO
Ex-chefe de gabinete Laura Natasha Oliveira de Abreu foi o gatilho para o início das investigações. A ex-servidora tornou público prints em que o esposo da vereadora, William Sampaio, cobrava o depósito da VI. Laura Natasha foi a primeira pessoa a ser ouvida pela Comissão de Ética e apontou que sua exoneração se deu por estar grávida. William também foi questionado no Legislativo, negou ser o administrador do recurso e explicou que os repasses eram para facilitar a gestão dos recursos públicos em um único local. O companheiro da vereadora também afirmou que Natasha foi demitida por não corresponder ao trabalho durante o período de experiência na função.
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