Emoção e negação marcam depoimento de coronel acusado de duplo homicídio em Cuiabá

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CUIABÁ – Em uma sessão emocionada no Fórum de Cuiabá, o coronel da reserva da Polícia Militar, Leovaldo Emanoel Sales da Silva, atual secretário municipal de Ordem Pública, negou veementemente ter ordenado a morte do detento Cláudio Andrade Gonçalves e de um outro colega, fatos ocorridos em dezembro de 1996. O julgamento sob a presidência do juiz Marcos Faleiros foi marcado por momentos de forte emoção e lágrimas do acusado.

Durante o seu depoimento, Sales buscou esclarecer uma declaração sua que causou grande repercussão na época dos fatos. Questionado por uma repórter sobre o paradeiro de Cláudio, o coronel respondeu com a frase “Virou anjo”, que, segundo ele, foi interpretada fora de contexto e jamais teve a intenção de zombar da situação do preso.

O caso remonta a uma rebelião no antigo presídio do Carumbé, quando uma fuga em massa de 50 presos levou ao caos e à violência. Sales, então comandante do 3º Batalhão da PM, relatou que a decisão de não devolver dois presos recapturados à cadeia – dentre eles Cláudio – partiu da preocupação de que seriam mortos por outros detentos. Optou, assim, por encaminhá-los ao Pronto Socorro da Capital.

Sales defendeu-se, argumentando que, se tivesse a intenção de cometer o crime, teria outras alternativas e jamais se exporia ou exporia seus subordinados. “Essa denúncia é irresponsável! Não sei com que finalidade”, disse ele, visivelmente abalado.

Após a fuga dos detentos durante o transporte para o Pronto Socorro, os corpos foram encontrados um mês depois, enterrados como indigentes. Exumações subsequentes confirmaram a identidade de um dos corpos como sendo de Cláudio de Andrade.

Além de Sales, outros membros da PM estão sendo julgados pelo caso, incluindo o capitão Mariano Cassiano de Camargo, o sargento Ângelo Cassiano de Camargo e os soldados Douglas Moura Lopes e José Luiz Vallejo Torres.

Os eventos que se desenrolam no Tribunal do Júri de Cuiabá revelam a complexidade e as sombras do passado que ainda atormentam a ordem pública da capital, evidenciando as cicatrizes deixadas por um caso que permanece controverso e doloroso para todos os envolvidos.

Da Redação

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