Cuiabá – O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues, foi colocado em liberdade após a concessão de habeas corpus pelo desembargador Luiz Ferreira da Silva, da Terceira Câmara Criminal. A decisão, datada de terça-feira (24), vem como um novo capítulo na sequência de eventos desencadeados pela Operação Cartão-Postal, na qual Rodrigues é acusado de liderar uma organização criminosa na gestão da Saúde de Sinop, responsável por contratos que somam mais de R$ 87 milhões.
Célio Rodrigues estava detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, desde 19 de outubro, quando foi um dos principais alvos da operação conduzida pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). Seu envolvimento em outras investigações – operações “Cupincha”, “Curare” e “Hypnos” – foi um dos agravantes considerados durante o processo.
Na decisão que assegurou sua liberdade, o desembargador Ferreira da Silva impôs medidas cautelares específicas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de contato com outros investigados. Além disso, Rodrigues está proibido de acessar as dependências da Saúde de Sinop. Essas restrições visam prevenir a reiteração delitiva e assegurar o bom andamento das investigações.
O advogado de defesa de Célio, Ricardo Spinelli, apresentou como argumento o fato de que Hugo Castilho, também acusado e considerado um dos líderes do esquema corrupto, já havia sido solto. Respondendo a essa alegação, o desembargador apontou inconsistências no tratamento dos acusados, concordando que não seria justo impor a Rodrigues um tratamento mais severo.
Notavelmente, Célio Rodrigues não teve fiança imposta como condição para sua liberdade. O magistrado fundamentou essa decisão no sequestro prévio de bens e valores nas contas bancárias de Rodrigues, totalizando R$ 87,4 milhões, tornando uma potencial fiança impraticável e desnecessária.
A Operação Cartão-Postal tem sido um marco no combate à corrupção em Mato Grosso, especialmente no setor de saúde. Além de Rodrigues, a operação resultou na prisão de outras figuras notáveis, como Hugo Castilho e Jefferson Geraldo Texeira, e no afastamento de profissionais atuantes na gestão da Saúde de Sinop.
A operação desencadeou uma série de mandados de busca e apreensão, com mais de 30 ordens executadas. Locais de interesse incluíram propriedades de luxo e estabelecimentos comerciais, como a Cervejaria Cuyabana, pertencente a Célio Rodrigues.
Essas ações refletem o esforço contínuo das autoridades locais para desmantelar esquemas de corrupção e restaurar a integridade nas instituições públicas, garantindo que recursos destinados à saúde da população sejam adequadamente utilizados.
Peter Paulo
