Mulher que teve casa invadida por delegado cita “noite de terror”

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A mulher que foi presa pelo delegado Bruno França Ferreira, na noite de segunda-feira (28), após ter a casa no Condomínio Florais dos Lagos invadida por ele, relatou os momentos de terror que viveu. Ela afirmou que não sabia o estava acontecendo.

“Eu estou operada. Estava com minha filha de quatro anos assistindo televisão e meu marido estava na sala ao lado fazendo massagem”, contou a vítima ao Programa do POP, da TV Cidade Verde.

“E, aí, bateu [na porta] com muita força e eu gritei, perguntei o que estava acontecendo. Aí, ele arrombou a porta, que bateu com tudo… Ele já veio na minha direção: ‘Abaixa, abaixa, sua filha da puta’”, relatou ela.

A mulher lembrou que o delegado estava “muito agressivo” e com a arma em punho. “Minha filha gritava: ‘tio, para! Para!’. E aí ele mandou minha filha calar a boca e mirou a arma nela”.

 Segundo a mulher, houve grande repercussão do caso entre moradores do condomínio, pois era possível ouvir os gritos do delegado em todo o quarteirão.

Inclusive, alguns residentes saíram de suas casas para ver o que estava acontecendo.

“Foi horrível, cena de pânico. E graças a Deus, se nao fossem esses policiais [do GOE], ele ia me matar ou matar minha filha”, disse a mulher, muito emocionada.

“Uma hora ele foi pra cima da [minha filha] com a arma e um deles o segurou e falou ‘calma’. Em outro momento, que eu perguntei da medida, ele veio para cima de mim com ódio”.

Ela relatou que os problemas aconteceram quando ambas as famílias moravam em outro condomínio da cidade. O filho dela, segundo conta, era vítima do enteado do delegado.

“A gente é tudo vitima. Meu filho é vítima! Ele apanhou desses sete meninos lá no outro condomínio onde tenho casa. Sai de lá, entrei na Justiça em fevereiro e vim para cá, porque, mesmo na Justiça, ninguém das famílias veio falar comigo”, explicou.

“Houve a notificação do condomínio e, pelo contrário, os meninos faziam questão de passar na porta da minha casa, amedrontar meu filho, amedrontar eu, meu marido. Vim para cá para ter paz, mas esse menino começou a vir para cá, vir pra cá e aconteceu isso”, completou.

Foi horrível, cena de pânico. E graças a Deus, se nao fossem esses policiais [do GOE], ele ia me matar ou matar minha filha

Relembre o caso

Na noite de segunda-feira (28), o delegado da Polícia Civil Bruno França Ferreira foi filmado por uma câmera de segurança invadindo a casa da vítima no condomínio Florais dos Lagos, em Cuiabá, e ameaçando sua família.

Ele supostamente estaria cumprindo uma prisão em flagrante por descumprimento de medida protetiva que seu enteado teria contra a dona da casa, hipótese que o advogado da família, Rodrigo Pouso, negou.

O caso em questão corre na Justiça, envolvendo o enteado do delegado e o filho da moradora. Eles teriam se envolvido em uma briga quando a família ainda morava no condomínio Alphaville I, e para evitar novas rusgas, a mulher teria se mudado para o Florais dos Lagos.

Neste dia do caso, o enteado do delegado foi até o condomínio em visita a amigos e acabou se aproximando da mulher. Porém, o advogado garante que sua cliente não foi notificada a respeito da existência da medida protetiva.

Pelo vídeo, é possível ouvir o delegado esmurrando a porta até arrombá-la. Em seguida, ele entra no imóvel com mais três policiais do GOE, saca a pistola do coldre e grita com os presentes.

A OAB-MT pediu o afastamento do delegado. Ele, porém, já solicitou 30 dias de afastamento não remunerado à Polícia Civil. Já a Corregedoria Geral da Polícia Civil determinou o afastamento preventivo do delegado durante as investigações da sindicância que apura a sua conduta durante o cumprimento de um mandado em Cuiabá. Segundo a Polícia Civil, diante da previsão legal, o afastamento de 60 dias será remunerado.

Midia News