PF: ex-secretário pagou marina com dinheiro de empresa “laranja”

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A investigação da Polícia Federal na Operação Curare, que apura fraudes envolvendo dinheiro da Saúde da Prefeitura de Cuiabá, na ordem de R$ 100 milhões, na pandemia da Covid-19, revelou que o ex-secretário Célio Rodrigues da Silva comprou uma lancha por R$ 720 mil do empresário Fernando Metelo Gomes de Almeida, dono da empresa Disnorma.

O empresário foi preso na última segunda-feira (22), na Operação Fenestra, acusado de comprar medicamentos furtados da UPA Ipase, em Várzea Grande.

Uma das provas coletadas pela PF durante as investigações, e que culminou na prisão de Célio em outubro de 2021, foi um recibo de pagamento de R$ 4 mil à Marina Morro do Chapéu, referente à guarda da lancha modelo Cimitarra 380 HT, de 38 pés, fabricada em 2014. A lancha é chamada de “Cabulosa III”.

O que chamou a atenção da Polícia Federal é que o ex-secretário do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) usou uma conta pertencente à empresa Ventura Prestadora de Serviços Hospitalares Ltda. para pagar o valor devido.

A empresa Ventura pertence a Liandro Ventura da Silva, também preso pela PF e suspeito de ser “laranja” de Célio. A Ventura é uma das empresas suspeitas de desviar milhões da Prefeitura de Cuiabá.

 

“Ou seja, mais uma vez vê-se Célio Rodrigues da Silva pagar suas despesas pessoais com valores da Ventura Prestadora de Serviços Médicos Hospitalares Ltda.”, pontuou a PF.

Morro do Chapeu

 

Recibo encontrado pela PF em celular de ex-secretário de Saúde de Cuiabá

Em fevereiro de 2021, Célio trocou mensagens com Fernando Metelo e solicitou ao empresário que comunicasse a uma pessoa de nome “Jucinei” acerca do fato de que comprou “a lancha”.

Segundo a Polícia Federal, Jucinei é funcionário da Marina Morro do Chapéu, “empreendimento de luxo às margens do Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, que abarca, além da própria marina, condomínio, restaurantes e aeródromo”.

“É certo, portanto, que o bem adquirido pelo ex-servidor público estava abrigado neste estabelecimento”, diz relatório da PF, ao qual tivemos acesso.

A PF relata que, em 23 de fevereiro de 2021, o Célio recebeu mensagem de um contato identificado como “Marina Morro do Chapéu”, lhe informando sobre um débito no valor de R$ 4.990,56, bem como os dados bancários da empresa MDC Serviços Naúticos Ltda.

“O saldo muito provavelmente se refere ao custo, em atraso, da guarda da embarcação. Após negociações, o valor final é ajustado para R$ 4.000,00, sendo, enfim, transferido pelo investigado em 23 de fevereiro de 2021”, relata a PF.

A PF também revela que, visando identificar outras informações acerca da aquisição da embarcação, os materiais apreendidos durante busca e apreensão mostrou que Célio recebeu diversos orçamentos referentes à reforma da lancha.

Em depoimento à Polícia Federal, Fernando Metelo confirmou que vendeu a “Cabulosa” para Célio, e especificou a forma de pagamento.

MidiaNews

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