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A Polícia Federal suspeita que a refinaria fechada nesta segunda-feira na fronteira do Brasil com a Bolívia pode ter ligação com os terroristas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Segundo o delegado Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF, Jorge Gobira, foi levantada esta hipótese principalmente após a prisão de um colombiano. Além dele, um brasileiro e dois bolivianos também foram detidos no laboratório.
Batizada de Guaporé, a operação foi deflagrada na Bolívia pela Polícia local, com o apoio da PF e do Gefron (Grupo Especial de Fronteira).
“A presença de um colombiano no interior da refinaria fortalece a hipótese de que essa cocaína possa ter alguma relação com as Farc colombiana”, afirma.
As Farc surgiram como uma equipe de guerrilheiros de orientação marxista que acreditava na luta armada para tomar o poder e construir uma sociedade socialista. Com o fim da União Soviética, o grupo passou a se financiar com o narcotráfico.
O embate entre o governo colombiano e os guerrilheiros causou muitas mortes e fez o país se tornar uma dos centros do tráfico internacional de drogas no mundo.
A refinaria
Com uma megaestrutura de 19 mil metros quadrados no Parque Nacional de Noel Kempff da Bolívia, os policiais identificaram que no local eram refinadas cerca de 2 toneladas de cocaína por semana.
A grande quantidade de droga era traficada pela fronteira com Mato Grosso e, com a prisão do colombiano, o delegado acredita que seja um indício de que haja uma liderança da Colômbia que controla a refinaria.
“A Bolívia não possui fronteira com a Colômbia. Então é um forte indicativo de que aquele laboratório, aquela refinaria pertence a alguém da Colômbia, que explora o local para proceder o refino da cocaína”, explica.
“Pela localização geográfica, a gente já não tem dúvidas de que aquela cocaína vinha para o Brasil e daqui era escoada para diversos destinos”, acrescenta.
Gobira ainda relatou que não pode afirmar a posição que o colombiano detido desempenhava dentro da organização. Ele ainda será ouvido pela Polícia boliviana, que lidera as investigações dentro de seu território.
Apesar de não haver uma confirmação o envolvimento das Farc, o delegado confirma que a Polícia Federal está seguindo esta linha de investigação para apurar suposta liderança colombiana.
“Não há uma comprovação, mas essa linha investigativa está sendo estudada e levada adiante”.
O delegado também não descarta a possibilidade de cooperação internacional entre Bolívia, Brasil e Colômbia durante o avanço das investigações para desvendar mais sobre a organização. Já que até o momento apenas quatro envolvidos foram presos, apesar da descoberta da estrutura gigantesca.
“É muito provável que com o Brasil haverá desdobramentos porque aqui era rota, aqui é um grande corredor para passagem dessa cocaína refinada”, afirma.
A operação foi resultado de uma parceria entre Polícia Federal, Grupo Especial de Fronteira (Gefron) e polícia boliviana.