Na última quarta-feira (19), a Pfizer anunciou que o Paxlovid, seu tratamento antiviral contra a Covid-19, custará quase US$ 1.400 pelo regime de cinco dias nos Estados Unidos, após o esgotamento dos estoques fornecidos pelo governo. Este valor comercial é mais do que o dobro do preço atualmente pago pelo governo, que é de cerca de US$ 530.
Segundo a empresa, o novo preço de tabela, que não leva em conta possíveis descontos e abatimentos aplicados por seguradoras e administradoras de benefícios farmacêuticos, será de US$ 1.390. Até o momento, o Paxlovid foi disponibilizado gratuitamente aos cidadãos norte-americanos, uma política que, de acordo com a Pfizer, continuará até o final do ano corrente.
Além disso, um acordo com o governo dos EUA assegura que o medicamento permanecerá gratuito até o final de 2024 para pacientes cobertos pelos programas Medicare e Medicaid e até 2028 para indivíduos não segurados ou com seguro insuficiente.
Em relação à eficácia do Paxlovid, os ensaios clínicos da Pfizer indicaram uma redução significativa nas hospitalizações e mortes em aproximadamente 90% para pessoas não vacinadas com alto risco de desenvolver formas graves da doença. Contudo, o medicamento não mostrou benefícios consistentes em pacientes considerados de risco padrão, incluindo aqueles que já foram vacinados.
O Instituto para Revisões Clínicas e Econômicas (Icer) dos EUA, uma entidade de monitoramento dos preços de medicamentos, sugeriu no ano passado que o preço do Paxlovid deveria ficar entre US$ 563 e US$ 906, baseando-se nos benefícios e no valor para os pacientes.
A decisão de preço da Pfizer vem em um momento em que os EUA ajustam suas reservas do tratamento. O país adquiriu aproximadamente 24 milhões de doses do antiviral e recentemente concordou em devolver 7,9 milhões de doses devido à demanda abaixo do esperado. A própria Pfizer também diminuiu suas projeções de receita anual, citando vendas menores do que as esperadas para seus produtos relacionados à Covid-19. Este contexto destaca os desafios contínuos enfrentados pelos fabricantes de medicamentos e autoridades de saúde na resposta à pandemia.
Peterson Prestes