Por que a Natura associa o crescimento do negócio ao aumento da renda das consultoras

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A cada dois anos, a empresa de cosméticos Natura calcula o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de suas consultoras no Brasil. A empresa divulgou, nesta segunda-feira, 15, o resultado da medição mais recente, que engloba os últimos dois anos. Em uma escala de zero a um, o IDH médio das vendedoras ficou em 0.632, com um aumento de 3,6%, a maior elevação já registrada e equivalente a duas vezes a média de crescimento anual.

Foi um resultado expressivo, considerando o baixo crescimento econômico do país no período e a pandemia, como destacou Agenor Leão, vice-presidente de negócios da Natura no Brasil. “Foram anos intensos, de instabilidade política e pandemia, que aumentou o gap de educação”, disse Leão, em encontro com a imprensa. Segundo o executivo, pesou a favor do desempenho iniciativas de inclusão digital promovidas pela companhia, que se mostraram essenciais para reverter os efeitos negativos do lockdown, e de educação financeira.
O índice é baseado no IDH medido pela ONU, mas não é comparável por seguir uma metodologia própria. A Natura considera três pilares: saúde, conhecimento e trabalho. Os dois primeiros apresentaram crescimento em relação à pesquisa de 2020, de 6,7% e 8,9%, respectivamente. Na dimensão trabalho, houve uma queda de 7,2%, puxada pela rápida substituição de modelos de trabalho tradicionais por novos modelos digitais, o que motivou uma elevação nas experiências negativas das consultoras.

Mara Ester, consultora da Natura: venda de cosméticos promove negócios em rede (Rodrigo Caetano/Exame)

A renda é o termômetro

A medição do IDH das consultoras está prestes a completar uma década na Natura, período em que a empresa passou a associar o crescimento do seu negócio ao aumento da renda das parceiras. “As consultoras nível prata adiante, que dedicam mais horas do dia à Natura, têm renda superior à média nacional”, afirma Leão. “É isso que buscamos ao medir o IDH.”

Mara Ester, consultora nível prata, descreveu o processo de geração de valor a partir da construção de redes comércio em torno das consultoras. “Se eu vendo um sabonete ou uma colônia para bebês, por exemplo, imediatamente se cria uma demanda por sapatinhos, que são fornecidos por uma vizinha”, relatou Ester, que complementa o salário de professora com os produtos da Natura. “É uma atividade que beneficia toda a comunidade.”

Para Carol Martins, consultora que tem na venda dos cosméticos sua principal fonte de renda, a maior profissionalização da atividade, com destaque para a digitalização, trouxe segurança e orgulha para as consultoras. “Não sofremos muito com a pandemia, pois já estávamos em um processo de digitalização, o que nos permitiu manter as vendas no lockdown”, disse Martins. “Meu filho agora diz que quer trabalhar comigo.”

Carol Martins, consultora da Natura: digitalização ajudou a manter as vendas na pandemia (Rodrigo Caetano/Exame)

Perfil das consultoras

Segundo a Natura, 92% das consultoras são mulheres, e 57% são mulheres negras. A média de estudo chega a 12,8 anos, 63% são casadas e 79% possuem filhos. A questão raça é um ponto de atenção. As pessoas negras registram renda menor, um reflexo da sociedade brasileira que a Natura busca reverter com ações específicas.

Olhando para o futuro, Leão espera torar o indicador cada vez mais individualizado. Dessa forma, a Natura espera ter a capacidade de resolver situações específicas de suas consultoras. “É um modelo que funciona, e estamos divulgando para que outras empresas possam se inspirar”, afirma o vice-presidente.

Agenor Leão, vice-presidente da Natura: meta é individualizar a medição do IDH (Rodrigo Caetano/Exame)

Exame.com.br

 

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