Enquanto as chuvas diminuíam, Porto Alegre e outras áreas do Rio Grande do Sul ainda enfrentavam inundações nesta segunda-feira (6), aumentando as preocupações com a escassez de água e alimentos em meio à pior catástrofe climática da região.
De acordo com a Defesa Civil, a tragédia já deixou um saldo de 85 mortos, 339 feridos e 134 desaparecidos. Além disso, 153 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas devido às chuvas torrenciais, que elevaram o nível dos rios e causaram deslizamentos de terra no estado.
As autoridades expressam preocupações crescentes com o abastecimento de água e alimentos. Mais de dois terços da população de Porto Alegre estão sem acesso à água potável, levando à implementação de um decreto de racionamento de água, restringindo seu uso apenas para necessidades básicas.
“Quase não estamos encontrando nada no mercado. Já faz três dias que estamos sem água”, relatou Neucir Carmo, de 62 anos, residente do bairro Floresta.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para novas tempestades perigosas nas áreas do sul do estado, com previsão de chuvas de até mais de 100 mm, ventos fortes e possíveis granizos até o meio-dia de terça-feira. Nas áreas mais afetadas, a chuva pode persistir até quarta-feira.
A Organização Meteorológica Mundial destacou a necessidade de uma resposta mais integrada às mudanças climáticas e aos efeitos do El Niño, diante do desastre no Brasil e das inundações na África Oriental.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou uma lei para agilizar a transferência de recursos para lidar com a catástrofe. O projeto permite gastos extraordinários, isenções fiscais e flexibilização de contratações.
O governo do Rio Grande do Sul informou que recebeu doações de todo o país, totalizando cerca de 38 milhões de reais. O Uruguai enviou um helicóptero militar, e a Argentina ofereceu aeronaves, especialistas e equipamentos para tornar a água potável.
Enquanto esforços de solidariedade se intensificam, relatos de saques preocupam a população. Em meio à tragédia, alguns moradores temem a ocorrência de roubos. No centro da cidade, socorristas detiveram duas pessoas por roubo em residências evacuadas, enquanto a polícia evitava um linchamento.
Fonte: IstoÉ