Em encontro com jornalistas nesta sexta-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou incertezas sobre a possibilidade de o governo atingir a meta de déficit primário zero até 2024. A afirmação foi feita durante um café da manhã no Palácio do Planalto, onde ele enfatizou sua relutância em reduzir os investimentos em obras públicas essenciais.
Segundo o presidente, esforços serão feitos para cumprir as metas fiscais, mas ele ressaltou que não serão estabelecidas metas que forcem cortes drásticos em projetos prioritários para o desenvolvimento do país. “Muitas vezes, o mercado é ganancioso e cobra metas que sabe que não serão cumpridas”, observou Lula, sublinhando que um pequeno déficit em proporção ao PIB não seria prejudicial.
O marco fiscal aprovado recentemente prevê equilíbrio nas contas públicas em 2024, com uma margem de tolerância. No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu os desafios dessa meta, apontando a necessidade de uma colaboração estreita com o Congresso Nacional. Medidas estão sendo propostas para revisar benefícios fiscais e aumentar a receita governamental, visando alcançar a meta fiscal que requer R$ 128 bilhões adicionais.
Para 2024, o Orçamento proposto sugere um superávit primário modesto, um indicativo de que o equilíbrio fiscal será uma tarefa árdua. Nesse contexto, Lula demonstrou otimismo quanto ao crescimento econômico, projetando uma expansão do PIB em 2023. Ele também comentou sobre os desafios externos, incluindo a desaceleração econômica da China e as políticas monetárias dos Estados Unidos.
Focando no potencial de investimento, o presidente ressaltou as oportunidades nas áreas de energia renovável, visando a atração de capital para estimular a economia e criar empregos. Lula delegou aos seus ministros, incluindo o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a responsabilidade de promover os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tanto no contexto nacional quanto internacional.
A estratégia adotada pelo governo Lula sinaliza uma abordagem cautelosa, priorizando o desenvolvimento sustentável e o bem-estar econômico a longo prazo, em vez de metas fiscais de curto prazo potencialmente restritivas.
Peter Paulo