Professor é demitido após criticar empresários bolsonaristas

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O professor de história Anderson Cardoso, morador de Sinop (a 500 km de Cuiabá), foi demitido por uma mensagem de WhatsApp pelo Colégio Jean Piaget. Na terça-feira (01), o docente publicou um vídeo contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que fecharam seus comércios e pararam suas atividades comerciais para participar de bloqueios a rodovias na cidade, durante esta semana. Ele também relatou ter sofrido ameaças.

O caso viralizou depois do vídeo ser divulgado em páginas de humor de Sinop. Dentro do município, a crítica do professor teve forte repercussão negativa. Cerca de 77% dos eleitores da cidade votaram em Bolsonaro, e 23,05% no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se saiu vencedor no segundo turno das eleições.

Anderson estava pedalando em uma bicicleta, pelas vias públicas de Sinop, quando gravou um vídeo e publicou em seguida nas suas redes sociais. O professor relatou ter visto alguns comércios fechados e disse que eram de “CNPJ de gente f*dida mesmo”.

“Foram lá apoiar os patriotas [risada]. É para rir desse povo. Ou seja, o cara vai perder dinheiro para ir nos patriotas e depois vai culpar quem? Imagina como essa galera é super inteligente”, disse.

 

Após a repercussão negativa do vídeo em uma cidade bolsonarista, o Colégio Jean Piaget divulgou uma nota, comunicou que o professor não faria mais parte do quadro de docentes da instituição a partir desta quinta-feira (03) e deixou claro ” a posição de respeito ao momento histórico” quanto às manifestações dos apoiadores de Bolsonaro.

“O Colégio Jean Piaget, Sinop/MT, repudia qualquer fala, ato ou brincadeira inoportuna diante dos fatos recém acontecidos na política nacional. Nossa missão sempre foi a de valorizar as diferenças e o respeito por todas as pessoas, independentemente de seu credo, de sua posição partidária, raça ou status social. Nosso carinho e respeito por todos cidadãos sinopenses é o maior puro e verdadeiro. A postura divergente e contraditória de alguns profissionais do Colégio não fala e tão pouco reflete o que o Colégio pensa e defende. Não compactuamos com posturas de desrepeito à quaisquer cidadãos, seja de Sinop/MT ou de que parte for”, diz.

 

Depois da demissão, o professor Anderson voltou às redes sociais e afirmou que a divulgação dos vídeos, pelas páginas de humor, buscam destruir sua reputação.

“Difamaram minha honra, minha imagem e agora temo até pela minha vida. Páginas essas que, criminosamente, destruíram toda a minha reputação como se eu fosse um mero delinquente, uma pessoa que não pode expor sua opinião em um país democrático. É uma coisa que eu não aceito. O que fiz na minha rede social foi expor um fato”, pontua.

Em seguida, Anderson tenta explicar o vídeo crítico aos empresários que participaram dos bloqueios e classificou como inadmissível eles fecharem seus estabelecimentos em pleno dia útil.

“Mas, infelizmente, algumas pessoas aqui nesta cidade não aceitam uma opinião divergente. Opinião esta que vou emitir sim, pois sou um professor de história e estarei sempre emitindo opiniões. Não vai ser de concordância com a maioria e o que nós queremos é ter respeito”, diz.

O professor também relatou ter sido demitido pelo colégio por WhatsApp, ter sofrido ameaças, como de ser atropelado quando estivesse pedalando de bicicleta pela cidade. Por conta das ameaças e da demissão, o professor disse que vai tomar providências jurídicas necessárias para resguardar seus direitos.

Fonte: MidiaJur

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