segunda-feira, dezembro 23, 2024
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Resoluçao brasileira sobre conflito entre Israel e Hamas é vetada pelos EUA

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) rejeitou nesta quarta-feira (18) a proposta apresentada pelo governo brasileiro sobre o conflito envolvendo Israel e o grupo extremista palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza. O texto pedia pausas humanitárias aos ataques entre Israel e o Hamas para permitir o acesso de ajuda à Faixa de Gaza.

O resultado da votação foi 12 votos a favor, duas abstenções, sendo uma da Rússia, e um voto contrário, por parte dos Estados Unidos. Por se tratar de um membro permanente, o voto norte-americano resultou na rejeição da proposta brasileira.

A análise da resolução estava inicialmente prevista para o início da semana, mas foi adiada para esta quarta-feira na sede da entidade, em Nova York.

EUA alegam que resolução não menciona direito de Israel de autodefesa

Após a votação, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, lembrou que o presidente norte-americano, Joe Biden, está, neste momento, na região do conflito, o que, segundo ela, demonstra o envolvimento do país no tema. “Apesar de reconhecermos o desejo do governo brasileiro de aprovar a proposta, acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia acontecer.”

“Sim, resoluções são importantes. E sim, esse conselho deve se manifestar. Mas as ações que tomamos devem levar em conta o que acontece no local e apoiar esforços diretos de diplomacia que podem salvar vidas”, disse. “Os Estados Unidos estão desapontados pelo fato dessa resolução não mencionar o direito de Israel de autodefesa. Como qualquer outro país do mundo, Israel tem o direito de se autodefender”.

Brasil lamenta veto e diz que fez todo o esforço possível

Em Brasília, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, explicou que o Brasil, na condição de presidente do Conselho de Segurança, foi demandado pela maioria dos membros do conselho a redigir uma proposta que acomodasse as opiniões de todos os membros.

“Depois de intensas e múltiplas consultas, apresentamos um texto que foi aceito por 12 dos 15 membros. Esse texto focava, basicamente, na cessação das hostilidades, no aspecto humanitário, criando uma passagem humanitária para que pudessem sair os nacionais de terceiro países, como nossos 32 brasileiros, e que também estabelecia a possibilidade de envio de ajuda humanitária. Infelizmente, não foi possível aprovar. Ficou clara uma divisão de opiniões”, relatou.

“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidade, que parassem os sacrifícios humanos e que pudéssemos dar algum tipo de assistência às populações locais e aos brasileiros. A nossa preocupação foi sempre humanitária nesse momento e, enfim, cada país terá tido sua inspiração própria”.

Entenda o veto

O Conselho de Segurança da ONU tem cinco membros permanentes, a China, França, Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos. Fazem parte do conselho rotativo a Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes. Para que uma resolução seja aprovada, é preciso o apoio de nove do total de 15 membros, sendo que nenhum dos membros permanentes pode vetar o texto.

O veto dos Estados Unidos à proposta brasileira foi baseado na alegação de que o texto não mencionava o direito de Israel de autodefesa. O governo norte-americano também argumentou que a resolução não era suficiente para garantir um cessar-fogo duradouro no conflito.

O conflito

O conflito entre Israel e o Hamas começou em 10 de maio, quando o grupo extremista palestino lançou foguetes contra Israel em resposta a uma operação militar israelense na Cisjordânia. Israel respondeu com ataques aéreos e terrestres contra a Faixa de Gaza, controlados pelo Hamas.

Até o momento, o conflito já deixou mais de 200 mortos, incluindo crianças, em Gaza, e 13 mortos em Israel.

Reações

A rejeição da proposta brasileira foi criticada por diversos países, incluindo a França, a Alemanha e o México.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também lamentou o veto, afirmando que a resolução brasileira era uma “oportunidade perdida” para acabar com o conflito.

Próximos passos

O governo brasileiro afirmou que continuará trabalhando para uma resolução pacífica do conflito. O país também disse que está aberto a novas negociações com os Estados Unidos para tentar superar o veto.

Peter Paulo

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