O presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT), Adeildo Lucena, afirmou que a intervenção do Estado na Saúde de Cuiabá, decretada pelo Tribunal de Justiça no final do ano passado, “tirou o lixo debaixo do tapete” ao revelar irregularidades e rombos financeiros da gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
A intervenção foi suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça, mas o TJ poderá determinar seu retorno nesta quinta-feira (23).
“O que a intervenção começou a fazer? Tirar o lixo debaixo do tapete. Por isso esse medo imenso do prefeito Emanuel Pinheiro, de buscar recurso até em nível federal, para evitar essa intervenção”, afirmou.
“O medo é que se descubra o que está realmente acontecendo, porque a gente precisa saber o que acontece”, completou.
Nos oito dias de trabalho, o Gabinete de Intervenção detectou que, apenas em 2022, Emanuel deixou de pagar mais de R$ 164 milhões em despesas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Além da dívida na SMS, a intervenção também revelou o rombo na Empresa Cuiabana de Saúde Pública, que ano passado acumulou R$ 72 milhões em dívidas de INSS e FGTS, além de dever R$ 84,6 milhões a fornecedores.
A intervenção exonerou diversos servidores ligados a Emanuel devido às irregularidades encontradas na Saúde.
No entanto, após retomar o controle da Pasta, a gestão de Emanuel tratou de recontratar todos os exonerados. Para o presidente do Sindimed, esta é uma das razões da Saúde continuar um caos em Cuiabá.
“As mesmas coisas que estavam acontecendo antes desse período curto de intervenção continuam acontecendo agora. E o que a gestão faz? Coloca a culpa em terceiros. […] Continua vencendo medicamento, continua faltando médicos, continua a mesma situação e ela não muda, mesmo com a intervenção e com o risco de uma retomada”, disse.
Orgão Especial
A presidente do TJ, desembargadora Clarice Claudino, marcou a sessão extraordinária do Órgão Especial, atendendo uma solicitação feita pelo colega Orlando Perri, relator do processo. Ele acolheu um pedido do Ministério Público Estadual, autor da ação.
Adeildo se mostrou favorável à retomada da intervenção na Saúde de Cuiabá, porém disse acreditar que a decisão deve ser técnica.
“Precisava haver essa intervenção, mas claro, de forma técnica, não política. Nós do Sindimed esperamos que as coisas sejam feitas de forma técnica, que o julgamento do Tribunal seja criterioso baseado na lei”, concluiu.
Midia News