Suspeita diz que militar “plantou” cocaína e nega ter roubado joias de tenente

0

Em depoimento realizado logo após ser presa, a suspeita Mayra Souza Castro de Abreu, acusada de roubar R$ 500 mil em joias avaliadas em R$ 500 mil da tenente da Polícia Militar Irque Figueira da Silva, afirmou que policiais militares “plantaram” cocaína em seu apartamento.

A suspeita foi colocada em liberdade no dia 20 de abril deste ano, no mesmo dia em que foi presa, por decisão do juiz Jurandir Florêncio, do Núcleo de Audiência de Custódia de Cuiabá.

Mayra foi presa naquele data quando supostamente pegou e não devolveu as joias da tenente da Polícia Militar com a promessa de que venderia os materiais para a família Paccola, que tem como membros o ex-vereador e tenente-coronel da Polícia Militar, Marcos Paccola (Republicanos), além do empresário Fernando Paccola

Em depoimento, Mayra Abreu confirmou que negociou as joias com um comerciante de ouro do calçadão do Centro Histórico de Cuiabá e que devolveu parte das joias para Fernando Raphael Pererai Oliveira, presidente da Federação de Tiro de Mato Grosso, quando este a ameaçou, no momento da sua prisão.

Mayra também contou, no depoimento, que Fernando teria “plantado” cocaína, com apoio do tenente coronel Sávio Pellegrini, também da Polícia Militar.

A suspeita contou que estava em casa, por volta das 11 horas, quando Fernando chegou no local determinando que ela abrisse o portão e que, se não abrisse, seria atingida por um tiro.

Em seguida, ele a teria amarrado e cobrado onde estariam as joias. Na ocasião, a suspeita indicou onde estariam os bens que sobraram e informou que teria vendido parte das joias para um comerciante, que derretou o ouro. Veja trecho do depoimento:

“Estória nebulosa”

O juiz que libertou a suspeita entendeu que Fernando Raphael seria interessado no negócio das joias e que, portanto, não poderia prender a suspeita. O magistrado ressaltou que o caso trata-se de uma “estória nebulosa”

“Ao que parece, inicialmente a abordagem foi realizada pelo policial militar Fernando Raphael Pereira Oliveira, que tinha envolvimento com a suspeita em razão de algum negócio ainda não esclarecido envolvendo extravio de jóias, portanto, poderia ter interesse na prisão da autuada, não sendo demais lembrar que o caso das jóias foi, inclusive, divulgado pela imprensa local”, diz trecho da decisão.

“Sendo indubitável que [Fernando Raphael] lá esteve sem qualquer investigação preliminar em relação ao extravio das referidas jóias e muito menos com relação a qualquer prática de mercancia de droga local e, acima de tudo, sem qualquer
autorização judicial para o seu ingresso na residência da custodiada. De sorte que, a ausência de autorização legal no caso posto, cuja estória do flagrante é, no mínimo nebulosa, não há como reconhecer a legalidade da prisão”, completa o magistrado.

Veja trecho do depoimento citado pelo juiz para conceder liberdade à suspeita:

[…] indagada se estava na posse de dois pedaços de substância análoga a pasta base de cocaína, na data de hoje, no momento em que foi abordado pela GUPM, respondeu que não estava de posse de nenhum entorpecente; QUE afirma que na data de hoje, por volta das 11h00min, estava em sua residência e estava do lado de fora falando ao telefone, momento em que foi abordada por FERNANDO RAPHAEL; QUE afirma que FERNANDO estava armado, apontando a arma na direção da interroganda e exigindo que ela abrisse o portão, afirmando que se ela não abrisse, ele iria atirar; QUE de imediato pegou as chaves e abriu o portão, onde FERNANDO logo foi adentrando em sua casa; QUE afirma que FERNANDO pediu para a interroganda se sentar e colocou uma amarração em seus punhos; QUE tem conhecimento de que FERNANDO é policial, pois já trabalhou com ele; QUE FERNANDO questionou sobre as joias e perguntou quantas pessoas haviam dentro da casa; QUE afirma que neste momento só estava a interroganda e sua filha dentro de casa; QUE as jóias estava na sala/cozinha e a interroganda mostrou a ele; QUE quando mostrou as joias, FERNANDO questionou o restante, alegando que não era somente aquela; QUE a interroganda afirmou que já havia vendido as joias e FERNANDO lhe questionou pra quem ela havia vendido; QUE afirmou que havia vendido pra um comerciante, no calçadão, chamado MICHEL e que este já havia derretido parte das joias; QUE afirma que FERNANDO começou a lhe ameaçar, dizendo que isso não ficaria assim e que ele iria mandar levar um presentinho para a interroganda; QUE FERNANDO a questionava, se a interroganda queria um quilo ou três; QUE posteriormente, FERNANDO ligou pedindo viaturas, onde chegou uma viatura caracterizada da polícia militar, com quatro policias; QUE os policiais questionaram o motivo de FERNANDO estar lá e ele afirmou que era devido a roubo de joias; QUE a interroganda afirmou que não havia roubado nenhuma joia; QUE neste momento, FERNANDO alegou que iria realizar a revista em sua residência e que ele poderia encontrar algo em sua casa; QUE FERNANDO ficou ligando para SAVIO PELEGRINI questionando se ele já estava vindo com a encomenda; QUE também já tinha conhecimento de que SAVIO é policial militar; QUE ressalta que durante a abordagem, FERNANDO deixou sua filha em um dos quartos, com a porta fechada; QUE FERNANDO ficou aguardando a chegada de SAVIO; QUE visualizou SAVIO entregando um pacote de cor verde, nas mãos de FERNANDO; QUE neste momento, o FERNANDO mostrou o pacote a interroganda e novamente a questionou se ela iria entregar o restante das joias; QUE afirmou a ele novamente que não estava de posse de mais joias; QUE neste momento, FERNANDO foi na sua cozinha, pegou um prato e uma faca e cortou a droga ao meio, pegou uma sacola, onde a interroganda guarda sacolas para lixo e colocou metade dentro de sua bolsa e a outra metade debaixo de seu sofá; QUE após FERNANDO plantar a droga, ele pediu para os policiais da viatura fingirem que não haviam visto nada; QUE neste momento FERNANDO pediu para que algemasse a interroganda e a colocasse no camburão; QUE quando estava sendo algemada, FERNANDO a ameaçou dizendo que ele queria que a interroganda fosse liberada, pois quando ela saísse, FERNANDO iria fazer o que ele quisesse com interroganda e que ele não iria ter mais problemas (sic – id. 115654711). destaquei

Midia Jur

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui