Vendas de automóveis crescem, mas crédito restrito e fim de incentivos governamentais afetam mercado

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06/06/2023 Brasília (DF) - Venda de carros na Cidade do Automóvel em Brasília. Foto Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

O setor automotivo brasileiro exibe sinais ambíguos neste ano, conforme dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) revelados nesta segunda-feira (4). O levantamento aponta que, no acumulado de janeiro a agosto, as vendas de carros cresceram 9,22% em comparação com o mesmo período de 2022, totalizando 1,063 milhão de emplacamentos. Entretanto, ao comparar apenas o mês de agosto deste ano com o mesmo mês do ano anterior, houve uma queda de 1,1% nas vendas, representando 153,4 mil automóveis vendidos.

Fatores de Influência

Andreta Jr, presidente da Fenabrave, atribui a retração de agosto ao término das medidas provisórias federais que ofereciam descontos na compra de veículos. “O fator preço é decisivo para a recuperação do setor, e as medidas provisórias ajudaram temporariamente a aquecer o mercado”, explicou.

Outro fator de impacto tem sido a dificuldade na liberação de crédito. Segundo Andreta, houve uma “deterioração acentuada” nas últimas semanas, com um aumento de cerca de 20% nas recusas de financiamento pelas instituições financeiras. “O crédito está restrito e isso afeta significativamente o mercado”, ressaltou.

Motos em Alta, Caminhões em Queda

No segmento de motocicletas, o cenário é mais otimista. O acumulado de janeiro a agosto mostra um expressivo aumento de 21,17% nas vendas, totalizando 1,045 milhão de unidades emplacadas. Em agosto, as vendas de motos cresceram 20,38%, com 142,7 mil unidades comercializadas. Apesar dos números positivos, Andreta observou que o setor também enfrenta desafios com a liberação de crédito. “O consórcio tem surgido como uma alternativa de financiamento, especialmente para motos de até 250 cilindradas”, destacou.

Em contrapartida, o segmento de caminhões sofreu um baque significativo. O acumulado dos primeiros oito meses do ano registra uma queda de 16,66% nas vendas, com 67,4 mil unidades vendidas. Em agosto, a venda de caminhões caiu 27% em relação ao mesmo mês do ano passado. Andreta Jr acredita que programas de financiamento recém-anunciados pelo governo federal poderão beneficiar o setor.

O presidente da Fenabrave também comentou sobre a adesão à tecnologia Euro 6, que restringe a emissão de poluentes por veículos a diesel. “Em agosto, 77% dos caminhões emplacados seguiram essa norma”, disse.

Com a complexidade de fatores econômicos e regulatórios em jogo, o setor automotivo brasileiro se encontra em um momento decisivo. A alta nas vendas de carros e motos é um sinal positivo, mas as questões relativas ao crédito e ao fim de incentivos governamentais apontam para um cenário ainda incerto.

Peterson Prestes

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